Por lucas.cardoso

Rio - A crise econômica no país mudou a perspectiva do mercado de automóveis nos últimos anos. Em meio a um cenário de desemprego e instabilidade, os compradores elegeram os seminovos como os novos ‘queridinhos’, deixando de lado o zero quilômetro como sonho de consumo. O assunto é tema do especial ‘Usado na moda’, que busca orientar os leitores do DIA com dicas no momento da compra e manutenção, para evitar que o comprador entre numa fria. A reportagem entrevistou 17 especialistas, que trabalham em concessionárias, revendas e centros automotivos na região metropolitana do Rio.

Levantamento da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) registrou aumento de 8,6% no financiamento de usados em fevereiro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, com 233.923 unidades vendidas no país. Por outro lado, a queda na procura pelo zero quilômetro foi de 12,9% em relação a fevereiro de 2016, com 117.322 veículos novos. Ao todo, foram 351.245 unidades vendidas, entre automóveis leves, motos e pesados.

Clientes à procura de carros estão priorizando seminovos%2C mais baratos e econômicosFoto%3A Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Para especialistas, a palavra de ordem para comprar um usado é analisar o histórico do veículo. “É necessário checar quantos donos o carro já teve, assim como verificar se ele já foi oferecido em leilão”, explica Willian Alves da Raiff Automóveis, revenda de usados. “Os carros que oferecemos aqui têm seu histórico checado junto ao Detran via sistema de consulta. Quando é um Volkswagen, checamos com a fábrica para obter dados como quilometragem e manutenções realizadas. Veículos das demais montadoras, nós analisamos os registros no manual do proprietário”, esclarece Ana Maria, da Distac Automóveis, que só vende Volkswagen.

Para ter a certeza da natureza do carro, o ideal é sque ele passe por uma perícia. “Eu pago um perito para examinar o carro usado que um cliente quer deixar na troca por um novo. Daí, eu vejo se há ilegalidades, como motor remarcado, chassi adulterado, algum sinistro. O laudo é a prova real”, explica Rui Machado, da concessionária D.

Expectativa é de que saldo de financiamentos para a compra de veículos e motocicletas aumente 2%2C5% e alcance a marca de R%24 166%2C7 bilhões neste anoDivulgação

NA HORA DE COMPRAR

Na hora de comprar um veículo, um ponto que deve ser levado em consideração para avaliar se o usado está em condição de uso é a parte mecânica. “O ideal é levar o carro em um mecânico de confiança antes de fechar o negócio, para ver questões como vazamento de óleo, se a direção está firme, se as trocas de marcha estão corretas e dar uma examinada nos pneus”, orienta Marcos Batista, da Foca Rio Centro Automotivo.

Pedro Nascimento, da Big Brilho, recomendam que o interessado experimente o automóvel. “É importante experimentar o carro, subir uma ladeira. Também veja como está a troca de marchas”. Cesar Calixto, da Renault Leauto, complementa. “Verifique o exterior e interior do carro. Por fora, abra o capô, olhe o lacre e a tinta, que indicam se as peças já foram trocadas ou não. Por dentro, veja o estado do volante e pedais, para verificar se condizem com a quilometragem registrada”, alerta. O especialista orienta atenção para as peças. “Observe se o estepe, pneus, macaco e chave de roda são os mesmos mostrados antes pelo lojista”.

Um dos indicadores mais importantes do carro usado é a quilometragem, item que o consumidor não pode deixar de consultar na hora da pesquisa. “Considere o carro que tem a quilometragem mais baixa possível, pois tem mais chance de evitar manutenção. É necessário ficar atento às fraudes do hodômetro”, conta Gilson Pereira, da Gilson Pneus, reforçando a orientação de ter o exame do carro por um mecânico para detectar potenciais irregularidades.

Por fim, a economia é um dos grandes atrativos do carro usado. Rui Machado explica: “Quando vendo os seminovos aqui, em média carros de R$ 35 mil, o cliente já leva emplacada e com IPVA pago. Imagine o imposto, que é de 4%, e o emplacamento que gira em torno de R$ 500. Estamos falando numa economia de cerca de R$ 2 mil”, calcula.

Os carros usados podem ser adquiridos em revendas ou até mesmo de um vendedor particular. Nesse último caso, Roberto Lopes, da Robmar Veículos, especializada no comércio de seminovos, alerta para a questão da credibilidade de quem está vendendo. “É importante conhecer a loja, sua história no mercado. Eu ouço eventualmente clientes aqui que contam terem comprado um carro e depois tiveram problemas porque simplesmente o comerciante desapareceu”, adverte. Ele também pede atenção com a documentação, principal gerador de problemas nesse mercado.

“É necessário informar o cliente se o carro tem alguma pendência. Isso, agora, é até lei. Mas nem sempre acontece. Aqui, só comercializamos carros aptos para serem utilizados sem restrição”, conta.

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