Rio - Um estudo mostra que 55% dos brasileiros que utilizam serviços de veículos compartilhados para se locomover questionam a necessidade de ter seus próprios carros. O levantamento elaborado pela Deloitte, empresa de auditoria e consultoria empresarial em atividade em 17 países, foi intitulado como ‘Global Automotive Consumer Study: Future of Automotive Technologies’ (Estudo global do consumidor: o futuro das tecnologias automotivas, em tradução livre).
A tendência fica mais evidente quando considerada apenas a opinião dos mais jovens, que pertencem às chamadas gerações Y e Z: 62% deles consideram dispensável possuir um veículo no futuro. Segundo Reynaldo Saad, executivo da Deloitte Brasil, a indústria precisa se adaptar a essa nova realidade. “Nossos jovens estão cada vez mais inclinados a abrir mão de ter a propriedade de um carro, preferindo vivenciar esse movimento do compartilhamento, o que é um indicativo muito importante da tendência futura de consumo. Cabe à indústria automotiva acompanhar muito de perto essa nova realidade”, analisa.
Outro item relevante apurado pelo estudo e que também chama a atenção da indústria automotiva é o recuo na disposição do brasileiro de gastar com tecnologia aplicada nos veículos. De acordo com o levantamento de 2014, os consumidores afirmaram que poderiam gastar até R$ 5.951, em média, para contar com equipamentos em seus carros. Essa pretensão de gasto caiu para a média de R$ 1.995 na análise de 2016.
De acordo com Carlos Ayub, outro executivo da empresa, além da crise financeira, o consumidor hoje conta com recursos tecnológicos em seus próprios smartphones que servem para complementar e facilitar sua experiência ao conduzir um veículo. “Afinal, por que o consumidor vai pagar mais por um avançado sistema multimídia automotivo se ele já tem vários recursos disponíveis gratuitamente em seu celular e que facilmente podem ser usados em veículos?”, questiona o executivo.
Segurança é prioridade
O estudo apurou, também, que os itens tecnológicos mais valorizados pelos brasileiros são os relacionados à segurança. Os quatro sistemas que foram considerados prioritários pelos participantes são: reconhecimento de objetos na via para evitar colisões, bloqueio de funções do veículo diante de situações de condução perigosa, avisos de situações de condução perigosa e discagem telefônica autônoma do veículo para contatar emergência médica em caso de algum acidente.
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Na comparação internacional, a pesquisa mostra, por exemplo, que os brasileiros têm expectativas mais altas do que norte-americanos, canadenses ou mexicanos em relação à disponibilidade de recursos avançados de automação (que combinam ao menos duas funções automatizadas, como reconhecimento de objetos na trajetória e frenagem automática, serviço de assistência pessoal ou sensor que sinalize itens no ponto-cego do motorista).
Ainda observando conclusões do levantamento, diminuiu nos últimos dois anos o desejo dos consumidores brasileiros em relação à automação básica, à condução autônoma limitada e à condução autônoma total. “Diante dessas tendências, a indústria automotiva deve estar preparada para compreender e se adaptar às novas demandas dos consumidores”, conclui Saad.
Pesquisa pela Internet
O‘Global Automotive Consumer Study: Future of Automotive Technologies’ foi realizado em 2016 pela Deloitte nos 17 países onde atua, incluindo o Brasil. Questionários online foram aplicados a mais de 20 mil consumidores — 1.260 deles eram brasileiros. A primeira edição da pesquisa foi realizada em 2009. A mais recente, em 2014.
O levantamento é focado em apurar hábitos, costumes e expectativas dos consumidores em relação a preferências tecnológicas incorporadas pela indústria automotiva aos seus produtos. Aborda, também, as escolhas e tendências sobre mobilidade indicadas pelos participantes do estudo.