Relembre os principais acontecimentos políticos do anoMontagem
Retrospectiva 2024: relembre os principais acontecimentos políticos
Plano de golpe de Estado, indiciamento de Bolsonaro, prisão do general Braga Netto, atentado contra o STF e eleições municipais foram os destaques de um ano conturbado
O ano de 2024 foi marcado por uma série de eventos políticos no Brasil. Desde a Cúpula de Líderes do G20, a prisão do general da reserva Braga Netto, e os três indiciamentos do ex-presidente Bolsonaro, o cenário político foi palco de reviravoltas e momentos decisivos. Relembre esses e outros marcos que definiram este ano.
- Eleições Municipais
As eleições municipais que ocorreram nos dias 6 (1º turno) e 27 de outubro (2º turno) foram palco de uma série de acontecimentos polêmicos. Durante um debate organizado pela TV Cultura, em 15 de setembro, o então candidato José Luiz Datena (PSDB) protagonizou um dos momentos mais conturbados da campanha eleitoral ao arremessar uma cadeira sobre Pablo Marçal (PRTB).
Na ocasião, Marçal chamou o apresentador de assediador, referindo-se a um processo de 2019 movido por uma ex-jornalista da Band contra Datena. Em seguida, Marçal disse que o adversário "não era homem" para agredi-lo como havia ameaçado há cerca de duas semanas no debate da TV Gazeta. Datena, então, deixou seu púlpito, pegou uma cadeira e a arremessou contra o influenciador.
Mas essa não foi a única polêmica durante as eleições municipais de São Paulo. Outro momento de grande repercussão ocorreu na véspera do primeiro turno, na noite do dia 5, quando o então candidato Pablo Marçal publicou um laudo falso atribuído a Guilherme Boulos (PSOL), alegando um surto psicótico grave, delírio persecutório e tendências homicidas após o uso de cocaína.
- Supremo Tribunal Federal
O Supremo Tribunal Federal (STF) protagonizou momentos importantes ao longo de 2024. Um deles gerou muito burburinho nas plataformas digitais. Em 30 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes mandou suspender a rede social X (antigo Twitter) após a empresa não obedecer a uma ordem do ministro de instituir um representante legal no país. Cerca de 40 dias depois, após cumprir a decisão de Moraes, o X voltou a funcionar no Brasil em 8 de outubro.
No início do ano, o Supremo Tribunal Federal também passou por uma importante mudança. Com a aposentadoria de Rosa Weber, Flávio Dino tomou posse em 22 de fevereiro. Até então, Dino ocupava o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Lula. Com a saída de Dino, o posto foi assumido pelo ministro aposentado do STF, Ricardo Lewandowski.
- Operação Tempus Veritatis e Operação Contragolpe
Ainda em fevereiro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Tempus Veritatis, que tinha como alvo ex-ministros, aliados políticos e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O objetivo era investigar uma organização criminosa acusada de atuar em tentativas de golpe de Estado e a subversão do Estado Democrático de Direito, após as eleições de 2022.
Já em novembro, ocorreu um desdobramento da Tempus Veritatis, que ficou conhecida como Operação Contragolpe. Em um relatório enviado ao STF, a Polícia Federal afirmou que havia um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Militares foram presos pela operação, inclusive o general Braga Netto (PL), ex-vice de Bolsonaro na chapa de 2022.
- Prisão de Braga Netto
O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, foi preso no dia 14 de dezembro, tornando-se o primeiro general de quatro estrelas detido na era democrática do Brasil. O general é alvo das investigações da Operação Contragolpe, que apura uma tentativa de golpe e o homicídio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
O militar está sob a custódia do Exército, no Comando da 1ª Divisão do Exército, na capital fluminense, em um quarto destinado ao chefe do Estado-Maior, que conta com ar-condicionado, geladeira, armário, aparelho de televisão e um banheiro exclusivo.
- Bolsonaro indiciado três vezes
A Polícia Federal indiciou Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras 15 pessoas, em março, por participação em um suposto esquema de fraude de registros de doses no cartão vacinal contra a Covid-19. Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de inserção de dados falsos e associação criminosa.
Em julho deste ano, Bolsonaro foi novamente indiciado pela Polícia Federal. Desta vez, pela investigação relacionada à venda de joias sauditas. Bolsonaro foi indiciado por lavagem de dinheiro, associação criminosa e apropriação de bens públicos.
Já no fim de novembro, Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas foram indiciadas pela PF pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. Essa foi a primeira vez que um ex-presidente foi indiciado por conspirar contra a democracia brasileira no período democrático.
- Governo Lula
Uma das polêmicas do governo federal em 2024 envolveu o então ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania. Em setembro, Silvio Almeida foi acusado de assédio sexual por diversas vítimas, incluindo Anielle Franco, a ministra da Igualdade Racial do Brasil. Após a repercussão, Lula decidiu demitir o advogado.
Na esfera econômica, o governo Lula sofreu um duro revés. Em 29 de novembro, após o governo declarar as medidas de corte de gastos, o dólar encerrou, pela primeira vez na história, acima de R$ 6 reais. Nas redes sociais, os internautas demonstraram indignação com a notícia.
Quem também protagonizou uma das polêmicas do governo foi a primeira-dama, Janja Lula da Silva. Durante um evento paralelo ao G20, cujo tema central era a desinformação, Janja utilizou a expressão "fuck you" (um xingamento em inglês) ao se referir ao bilionário Elon Musk. O caso ganhou repercussão nos jornais internacionais.
Ainda no contexto do G20, o presidente dos EUA, Joe Biden, aproveitou a visita ao Brasil para conhecer a Floresta Amazônica e o Museu da Amazônia. O democrata foi o primeiro presidente norte-americano em exercício a estar na floresta.
- Atentado em Brasília
Um catarinense causou momentos de tensão em Brasília na noite de 13 de novembro ao provocar explosões perto do Supremo Tribunal Federal (STF). Francisco Wanderley acabou sendo atingido e morto pelos artefatos que ele mesmo lançou. O atentado praticamente sepultou as esperanças bolsonaristas de aprovação do projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — e que poderia anular a inelegibilidade do ex-presidente Jayr Bolsonaro.
- Aborto e PEC 6x1
As pautas do Congresso também movimentaram as discussões em 2024. Em junho, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência de votação de um projeto de lei que equiparava ao crime de homicídio o aborto realizado após 22 semanas de gestação, mesmo nos casos em que a gravidez é resultante de um estupro. A proposta gerou uma série de manifestações em todo o Brasil e acabou não avançando no Legislativo.
Outra iniciativa que também recebeu bastante atenção em 2024 foi a proposta de emenda à Constituição (PEC) que pedia o fim da escala de seis dias de trabalho para um de descanso (6x1). Apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e inspirada pelo Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), a PEC ganhou grande repercussão nas redes sociais e recebeu apoio popular. Uma petição em favor da proposta recebeu mais de 3 milhões de assinaturas.
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