Prefeito Bonifácio convocou membros do governo, empresariado e sociedade civil para debater medidas restritivas que deverão ser adotadas no município
Prefeito Bonifácio convocou membros do governo, empresariado e sociedade civil para debater medidas restritivas que deverão ser adotadas no municípioInternet
Por Renata Cristiane
O Gabinete de Soluções contra a Covid-19 em Cabo Frio se reuniu mais uma vez na manhã deste sábado (13), na sede da Prefeitura. O encontro teve a participação do prefeito José Bonifácio, além de membros do governo municipal e da sociedade civil. Foram convidados a participar OAB, Sindsaúde, Sepe Lagos, um representante dos meios de hospedagem, um da saúde privada, um empresário de Tamoios e um do primeiro distrito, além de representantes da prefeitura - gabinete da vice e secretários de Saúde, Mobilidade Urbana, Turismo, Meio Ambiente, Direitos Humanos e de Obras.
Na ocasião, foi discutida a situação epidemiológica do município e expostos pontos em que deve ser realizada manutenção das regras de controle da pandemia, com sugestões dos participantes que estiveram presentes, além da população, de forma on-line, durante a transmissão ao vivo da reunião nas redes sociais.
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Em relação a testagem para o coronavírus, o secretário municipal de Saúde, Felipe Fernandes, disse que o município possui 3 mil testes rápidos que serão encaminhados para as tendas de triagem e que mais 10 mil serão disponibilizados, iniciando uma testagem em massa da população cabo-friense. Ele defendeu, ainda, que o horário de funcionamento de bares e restaurantes deve ser reduzido para até às 18h, com 30% da lotação.
Empresário da rede privada de saúde manifestou enorme preocupação com quadro atual  - Letycia Rocha
Empresário da rede privada de saúde manifestou enorme preocupação com quadro atual Letycia Rocha
O empresário e médico Hélcio Azevedo, participou representando a rede privada de saúde pelo Hospital Santa Izabel e destacou que o pessoal que está trabalhando na linha de frente contra a Covid está exausto: "ninguém aguenta mais". Conforme o médico, há dificuldade em comprar luvas, seringas, máscaras e equipamentos de proteção. Ele frisou que, neste momento, todas as medidas restritivas deveriam ser adotadas para cuidar da questão da saúde, onde todo o investimento deveria ser feito na pandemia.
Hélcio chamou a atenção para a gravidade da questão para quem atua em hospital e levantou a importância das barreiras sanitárias, o fechamento de escolas públicas e privadas, e que deve haver maior restrição quanto à bares e restaurantes. Em um tom bastante assustador, o médico afirmou ainda que as pessoas que estão sendo internadas tem demorado mais para receber alta.
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O secretário de Governo, Aquiles Barreto, relembrou que perdeu seis tio para o vírus, além de ter ficado internado e com sequelas. Agora, o filho, de apenas 3 anos, está com Covid-19, após retornar para a escola e contaminou a mãe e a avó. Aquiles destacou que a prioridade hoje é a compra da vacina e a lotação dos ônibus. Juarez Lopes, secretario de Meio Ambiente, fez uma fala desesperada e disse que, se for preciso, tira R$ 3 milhões da secretaria para comprar a vacina para imunizar o povo, "mesmo que seja preso depois", já que o Governo Federal está demorando muito.
Embora tenha sido dito que só poderia contar com um representante de cada segmento, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação da Região dos Lagos (SEPE Lagos) compareceu com dois, que insistiram para que a prefeitura apresente dados sobre a Síndrome Respiratória Aguda (SRAG).
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O empresário Adelício dos Santos, da Engeluz, defendeu a volta das barreiras sanitárias e ressaltou a importância das medidas restritivas para os turistas que venham de outras cidades, como forma de evitar o aumento do contágio. Ele demonstrou preocupação com a possibilidade de um lockdown definitivo, e levantou questionamento sobre os bares da rua Porto Alegre, que "contribuem demais para a disseminação do vírus". Adelício disse achar ideal o funcionamento até às 21h.
Por meio de comentário durante a transmissão da reunião, o também empresário e dono de bares na cidade, Weverton de Andrade alegou que "fechar os bares às 18h é decretar a falência". Ele questionou a diferença no tratamento entre os estabelecimentos que tem horário de funcionamento diurno e noturno: "Se os comércios que trabalham de dia não tem restrição de horário, os que funcionam à noite também não devem ter. É mais fácil limitar a capacidade e colocar a fiscalização para se cumprir o que está escrito".
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Quanto à fiscalização, a secretária de Direitos Humanos e Segurança Pública, Aglaia Olegário, disse que a Guarda Municipal, Fiscalização de Posturas e Meio Ambiente tem atuado nos principais pontos onde há aglomeração para tentar coibir a ação de "pessoas sem consciência". Ela destacou também a importância de envolver os meios de comunicação para colocar "uma lupa sobre o problema".
Sugestão de campanha de conscientização por meios de comunicação  - Letycia Rocha
Sugestão de campanha de conscientização por meios de comunicação Letycia Rocha
A população também participou, de forma virtual, com comentários durante a transmissão da reunião nas redes sociais.
Para a internauta Dal Freitas, a solução é fechar a cidade. "No início, as praias ficaram vazias durante meses. Outa coisa, os professores acham que só eles precisam ser vacinados e os motoristas de ônibus, os bancários, os funcionários de mercado e muitos outros que não pararam nunca?", questionou.
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Lucas Motta denunciou o funcionamento de estabelecimentos que desrespeitam o atual decreto municipal: "as baladas todas funcionando e o povo sem máscara. Manda fechar".
Já Vera Motta frisou que o fechamento de outras cidades pode acarretar em um aumento populacional temporário na cidade, atenuando a disseminação do coronavírus. "Aqui ninguém respeitou o isolamento. Pessoas andando sem máscara, pessoas nos bares, forrós e festas. O Rio fecha, vem todo para cá, para a região. Enche de turista", pontuou.
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Vários internautas pediram pela volta das barreiras sanitárias, porém, quando o assunto é lockdown, as opiniões são divergentes. Fernando Vieira da Cunha comentou que a medida "vai quebrar a cidade, gerando desemprego e fome". Em contrapartida, Rosana Silva pede que feche tudo.
Encerrando a reunião, o prefeito José Bonifácio pontuou a ajuda dos sindicatos. "Importante os sindicatos estarem aqui. Paguei agora o salário de dezembro dos servidores concursados da saúde, mas os contratados estão reclamando. Concordo que temos que comprar vacina, reunir todos recursos. Mas será que os sindicatos vão ajudar?", refletiu.
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Bonifácio agradeceu a presença de todos e afirmou que, após o almoço, se reunirá com os secretários para definir a minuta de um decreto com as novas decisões a partir da reunião. O prefeito afirmou que esse foi o melhor encontro desde o início do Gabinete de Soluções.