Após morte de travesti, Cabo Frio recebe ato "contra o transfeminicídio e pela vida de todas as mulheres" Sabrina Sá (RC24h)

Movimentos feministas de Cabo frio, na Região dos Lagos, estão organizando um ato pelo assassinato da travesti que foi morta a tijoladas no último domingo, no bairro Monte Alegre 3, em Cabo Frio. O crime brutal aconteceu na manhã seguinte ao Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti e chocou toda a comunidade. A vítima ainda não foi identificada.

O ato será realizado em forma de plenária aberta com o tema “contra o transfeminicídio e pela vida de todas as mulheres”. Ele acontece nesta sexta-feira (4), a partir das 18h, na Praça Porto Rocha. A organização é do Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento de Mulheres da Região dos Lagos, “todas e todos que se indignam com a transfobia e com esse sistema que assassina as nossas mulheres todos os dias”, são convidados a participar.

Dados comprovam que o Brasil é o país que mais mata mulheres travestis em todo o mundo, sendo a maioria dessas vítimas pretas e com expectativa de vida de até 28 anos.

Ágatha Íris, travesti e militante da causa, utilizou as redes sociais para emitir uma nota de luta e pesar:

“Não irei usar nessa publicação a foto de uma travesti deixada pra morrer, aos prantos e sangue, que foi espancada a tijoladas na cidade de Cabo Frio (lugar em que moro e ocupo).

Não usaria porque primeiro, isso pode gerar inúmeros gatilhos para nós pessoas T, e segundo porque a cisgeneriedade deveria e tem a obrigação de se mover somente pelo acontecimento!

Além de que, acredito que não seja sobre Cabo Frio “não registrar tamanha brutalidade contra uma pessoa trans”, até porque:

1. O que seria considerado brutalidade? O suicídio não seria uma delas? A forma como somos expulsas dos espaços institucionais?

2. Estamos falando de uma corpa travesti do interior, e pelo que estou entendendo até agora de periferia (ainda não vi o detalhe sobre o atravessamento racial da mesma).

3. Logo, com esses dois fatores poderemos chegar a um denominador em que nossa presença é invisibilidade, assim como também a opressão de uma corpa travesti do interior, quem quer saber das nossas narrativas?

Ou seja, existe aqui um atravessamento velado, se sofri transfobia como vou na delegacia da mulher denunciar? Se até mesmo nesse espaço sou questionada e humilhada?

Não há segurança para a nossa denúncia, como também há possibilidade de tal afirmação!”

A brutalidade do crime na manhã seguinte ao dia de luta da Visibilidade Trans e Travesti chamou atenção e foi destaque na Mídia Ninja, uma das páginas de redes sociais mais influentes do Brasil.
Post feito no Instagram pelo Portal Mídia Ninja - Redes sociais
Post feito no Instagram pelo Portal Mídia NinjaRedes sociais
A vítima ainda não foi identificada pela falta de um familiar para reconhecer o corpo no IML. De acordo com Rodolpho Campbell, presidente do Grupo Iguais, três famílias já foram ao local, mas nenhuma reconheceu. A novidade que pode ajudar na busca, é uma tatuagem escrito “Norma”. Na quinta-feira (3), membros do Grupo Iguais, da Superintendência LGBTI+ e do Centro de Cidadania LGBTI+ do Governo do Estado estarão no IML vendo o corpo.