Mesmo com aumento da violência contra a mulher, Região dos Lagos conta apenas com uma DEAM
Com apenas uma delegacia com atendimento especializado à mulher, que fica em Cabo Frio, a Costa do Sol também conta com três NUAMs (Núcleos de Atendimento à Mulher) em Araruama, Saquarema e Rio das Ostras, mas população afirma que não é suficiente
Mesmo com aumento da violência contra a mulher, Região dos Lagos conta apenas com uma DEAM - Ludmila Lopes (RC24h)
Mesmo com aumento da violência contra a mulher, Região dos Lagos conta apenas com uma DEAMLudmila Lopes (RC24h)
Entre 250 delegacias de polícia que possuem atendimento especializado à mulher (DEAM), existem apenas 15 no estado do Rio de Janeiro, o que equivale a 5,42%, segundo o Mapa das Delegacias feito pelo Portal AzMina. O número cai ainda mais quando o assunto é Região dos Lagos, onde existe apenas uma, que fica localizada em Cabo Frio. Contudo, quando se analisa os números de crimes contra pessoas do sexo feminino na localidade, percebe-se que a quantidade não condiz com a necessidade da população: desde o início do ano, sete mulheres já foram mortas, sendo a maioria por seus parceiros.
A onda de mortes contra mulheres na região parou em abril, mas a violência continua. Apenas no mês de julho, houve o registro de duas ocorrências, sendo um contra uma mulher grávida, em Arraial do Cabo, onde o parceiro dela a agrediu com socos no rosto e na barriga, e outro em Cabo Frio, que envolveu uma mulher e seu ex-companheiro, que é guarda municipal. O rosto da vítima ficou desfigurado após os golpes.
Diante do alto índice, moradoras da Região dos Lagos mostram receio pelo aumento de crimes contra as mulheres pela localidade. Mesmo também existindo NUAMs (Núcleos de Atendimento à Mulher) em Araruama, Saquarema e Rio das Ostras, elas afirmam o número não é o suficiente para atender as sete cidades da Costa do Sol.
E esse tipo de agressão não atinge somente a vítima, mas também toda sua família, que sofre junto. Tânia Cardoso, moradora de Cabo Frio, tem uma filha que já passou por violência psicológica de seu ex-companheiro, pois o mesmo não aceitava o término do namoro. “Um absurdo! Isso gera medo e insegurança. A pessoa vive o tempo todo aterrorizada e não consegue exercer o seu direito de ir e vir”, afirma.
Além disso, ela, que também pode ser considerada vítima, já que viveu de perto toda a situação, disse que todos ao redor acabam adoecendo. “Toda a família fica doente, porque todos ficam envolvidos na situação, aterrorizados com as ameaças, com medo pela pessoa que está sofrendo de forma direta esse tipo de abuso”, comenta Tânia.
Ela pontuou, ainda, que acredita que todas as DP’s deveriam ser especializadas para esse tipo de caso, independente da localidade. “Eu acho que toda a delegacia deveria ser especializada nos direitos das mulheres. Dentro de toda a delegacia deveria ter um corpo preparado para esse tipo de situação, já que pode acontecer em qualquer lugar, não só em Cabo Frio”, concluiu.
Dados de violência contra a mulher do ano de 2022 ainda não foram divulgados, mas, entre agosto de 2020 e agosto de 2021, a Delegacia de Atendimento Especializado à mulher em Cabo Frio realizou 1.195 registros, que geraram 27 inquéritos. Apesar da grande quantidade, o questionamento da população é “e se existissem mais DEAMs? Esse número seria maior?”.
Já que o número de delegacias especializadas é baixo na região, a população das cidades que não contam com esses pólos podem entrar em contato com as autoridades especializadas de outra forma. A Patrulha Maria da Penha, que possui 45 equipes de 180 policiais militares habilitados, tem como objetivo acompanhar preventivamente e garantir proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar, o que a torna uma opção viável às vítimas que necessitam de ajuda. Cada município possui um número para contato diferente, que pode ser encontrado através de pesquisas na internet.
O indicado, segundo as autoridades, é que, nesse tipo de situação, mesmo que o medo apareça, a vítima denuncie para o 190 ou entre em contato com a Patrulha Maria da Penha de sua cidade, visando que o pior não aconteça. E, aos familiares, o recado é parecido: caso perceba que alguma parente vivencia esse tipo de abuso, não se cale, já que, conforme o ditado popular: “quem cala consente”.
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