Cabo Frio, na Região dos Lagos, já começa a sexta-feira (15) com mais um caso de ataque de ódio na cidade. Nesta manhã, um servidor do ambulatório de atenção à saúde da população travesti e transexual, que fica na rua Leonor Fonseca da Costa, no bairro Porto do Carro, foi apedrejado.
O diretor administrativo da unidade, David Simplício, se encontrava trabalhando quando foi atingido com uma pedrada na cabeça.
De acordo com um integrante do Grupo Iguais, uma pessoa entrou na área comum do ambulatório, foi até a janela da sala da coordenação, colocou o braço pra dentro, mirou e arremessou a pedra contra a vítima. O ataque feriu a cabeça do coordenador, que foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento do município com o machucado aberto, ensanguentado e em estado de choque.
Ainda não há informações sobre a autoria do crime e nem sobre como a pessoa teve acesso à sala, visto que o posto de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o ambulatório são ligados, dando acesso a qualquer pessoa em qualquer lado da rua, seja pelo ambulatório Demétrio Campos ou pela ESF.
A Polícia Militar foi acionada e esteve no local. O Grupo Iguais e a ROMU também acompanharam o caso. A ocorrência será registrada assim que o servidor tiver alta.
Em nota, o Grupo Iguais manifestou solidariedade e apoio ao Diretor Administrativo do Ambulatório Demétrio Campos em Cabo Frio, David Simplício.
"Repudiamos toda e qualquer tipo de agressão e demais condutas LGBTIfobicas. Reconhecemos e demonstramos gratidão pelo trabalho exemplar que vem sendo exercido pelo David. Toda nossa solidariedade e estima por melhoras".
Aumento nos crimes de ódio
O ataque é mais um caso de crime de ódio que vem assolando a região. Só em junho, mês do Orgulho LGBTQIA+, foram quatro casos de homofobia e racismo. Relembre:
No dia 10 de junho, a atleta Dara Augusta, de 20 anos, natural de Búzios, denunciou o cirurgião plástico Domingos Quintella de Paolla, que atua em Copacabana, no Rio de Janeiro, por injúria racial e homofobia. Segundo a vítima, ele não aceita o relacionamento dela com a ex-mulher dele, a professora Jéssica Andrade.
A queixa foi formalizada na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Rio, junto a um vídeo em que o homem aparece fazendo ameaças e xingando a atleta com frases como: “é macaca” e “ela é favelada”.
No 21 de junho, enquanto participava da gravação do programa “UMA PROSA PODCAST”, em São Pedro da Aldeia, Wagner Muniz sofreu ataques racistas e difamação vindo de uma conta da rede social com nome de Gabriel Silva, mas sem fotos e informações adicionais. O jovem não percebeu os comentários no momento da filmagem, mas foi alertado por amigos e entrou com medidas judiciais.
No dia 23 de junho, diversos pontos da Avenida Nossa Sra. da Assunção, no Centro de Cabo Frio, amanheceram vandalizados com frases contra a população LGBTQIA+.
As pichações com frases como “Fora os LGBT’s” e “Os LGBT’s são inimigos de Deus e da família. Fora!” foram feitas no prédio da Prefeitura Municipal, em uma parede lateral da matriz histórica da Igreja de Nossa Sra. De Assunção e outros lugares.
Já no primeiro dia de julho, Renata Cristiane, jornalista e CEO do Portal RC24h, historiadora, colunista política e editora, com forte atuação na Região dos Lagos, foi vítima de racismo. Um bilhete, deixado em dois pontos de ônibus de São Pedro da Aldeia, afirmava em letras garrafais “RENATA CRISTIANE REPORTE MACACA” (sic).
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.