Segundo o município, assim que o Ministério da Saúde enviar essa dose específica, será iniciada a vacinação. Foto: César Ferreira.

CAMPOS - O município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, divulgou, nesta quarta-feira (29), que não exigirá prescrição médica para vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, como propõe o Ministério da Saúde, por entender que a exigência atrasaria o processo de imunização, provocando uma corrida desnecessária aos postos de saúde, conforme antecipou no último domingo (26), o prefeito Wladimir Garotinho.

“Uma vacina aprovada pela Anvisa é segura e salva vidas. Não exigirmos prescrição médica para vacinar crianças em Campos, isso só atrasaria todo o processo. Minha filha de 12 anos já se vacinou e o de 9 também irá”, disse o prefeito, acrescentando: “Vamos proteger nossa garotada”.

A decisão pela não exigência de documento médico para a imunização das crianças é, segundo o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), Chabell Kury, também uma elitização, onde quem tem o pediatra ou médico particular consegue facilmente essa indicação. Já quem não tem precisaria marcar uma consulta para conseguir esse encaminhamento.

“E mais. Muitos poderiam recorrer às emergências para solicitar o documento e expor a criança, muita das vezes, a uma doença viral, principalmente nesse momento em que estamos vivendo surtos de doenças infecciosas, com emergências lotadas”, explica o virologista Charbell.

Estatísticas

Outro ponto apontado pelo especialista é a questão científica, cujos dados mostram que, ao somar as mortes provocadas por doenças preveníveis por vacinas, como por exemplo, meningite, pneumonia, diarreia, em crianças e adolescentes, as por Covid-19 são muito maiores. “Isso mostra que a prevenção por vacina é inequívoca”, disse Charbell, acrescentando:

“Outro dado muito importante é a evolução cada vez mais perigosa da síndrome inflamatória multissistêmica, que é uma condição clínica de complicação em crianças, cuja mediana de casos é 8 anos de idade, ou seja, uma idade ainda não protegida pela vacina. A cada 100 crianças acometidas, seis vão a óbito ou internação em CTI, com quadro gravíssimo. Portanto, se temos a vacina, temos estudo de segurança, estudos de proteção e o benefício maior que o risco, porque não vacinar?”, ponderou o subsecretário.

A vacinação das crianças com o imunizante Pfizer teve o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no último dia 16. No dia 23, o Ministério da Saúde abriu consulta pública, que segue até o dia 2 de janeiro. A previsão é de que o Governo Federal se manifeste sobre a inclusão da imunização no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação no dia 5 de janeiro.