Um tema delicado ocorre quando é necessário sacrificar-se um animal doente. É nosso dever preservar suas vidas e garantir-lhes uma encarnação proveitosa porque são seres indefesos
A religião é o culto prestado a uma divindade. Trata-se da crença na existência de um ente supremo como lei universal. A fé e o amor aparecem na base de praticamente todas as propostas religiosas. E como as pessoas religiosas veem nossos amigos pets? Como são vistos pelas maiores religiões do mundo?
A Igreja Católica acredita que os animais são criaturas de Deus e por isso devem ser respeitados e amados. Até mesmo a Bíblia obriga o descanso semanal não só para o homem como também para os animais. Para os católicos, contudo, apesar do convívio com os animais ser benéfico aos seres humanos, simbolizando um sinal de amizade fiel, para eles, os bichos não possuem a alma racional e inteligente, e, portanto, não têm o mesmo destino dos homens e mulheres após a morte.
Para a Igreja Adventista, os animais são considerados companheiros do ser humano. Para os adventistas é importante lutar pela preservação da vida animal. Invocando o texto bíblico, creem que Deus criou os animais no quinto dia da criação e o ser humano no sexto. Creem ainda que o ser humano se tornou alma (e não que recebeu uma alma), ou seja, tornou-se uma pessoa viva, no conceito bíblico, em que os animais vivos também são chamados de almas. Sendo assim, pregam que ao morrer, ambos vão para o mesmo lugar.
O judaísmo surgiu há mais de quatro mil anos. Acredita-se na existência de um único Deus, criador do universo e de todas as criaturas. No judaísmo, crê-se que o cuidado com os animais é mais importante do que a fé e há a obrigação de não causar sofrimento aos seres vivos. O respeito aos animais é fundamental. No seu dia de descanso, o Shabat, não somente os seres humanos não trabalham, os animais também não. Os animais de corte, como vacas e galinhas, são sacrificados com cuidados especiais segundo as leis judaicas, visando diminuir o seu sofrimento ao máximo.
Para a religião Islâmica, a fonte única é Deus. Para eles, os animais devem ser tratados com misericórdia. Quanto aos gatos é permitido tê-los como estimação, porém, os cães só podem ser utilizados para alguma finalidade que não seja somente estimação, já que a religião diz que o cachorro tem em sua saliva uma substância nociva ao ser humano. Podem, porém, tê-los como cães guia, para proteção, para caça, etc. Para eles, os animais possuem alma. E ao morrer, o corpo do animal vira terra e sua alma retorna para Deus.
Uma das vertentes do Budismo, religião que surgiu na Índia (600 AC) prega-se que se faça o bem a todos os seres. Buda ensina que os humanos não vivem sem os animais. Para o Budismo, não há conceito de alma para pessoas nem para animais. Quando um cão morre, ele entra no parinirvana, o nirvana final, a grande paz. E promovem a mesma cerimônia que fazem quando morre um ser humano. Acreditam que até 49 dias após o falecimento completa-se o ciclo de uma vida-morte. Os budistas creem que os animais são seres abençoados e sagrados.
Na Doutrina Espírita e nas religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, seus fundamentos é na existência de um único Deus. A finalidade é gerar condições para a evolução dos espíritos encarnados e desencarnados. Creem na reencarnação dos espíritos, servindo esta forma como um meio de evolução. Para eles, os animais são seres espirituais em evolução, sem ainda possuir a consciência característica do ser humano. Um dia, reencarnarão como homens.
São Francisco de Assis dizia que os animais e as plantas têm uma natureza que os aproxima dos homens. E os chamou de irmãos. Segundo a Doutrina Espírita, os animais domésticos, como cachorro, gato, cavalo e macaco, por exemplo, possuem uma inteligência relativa acentuada. Além disso, os animais têm uma alma com a mesma origem da alma humana.
Um tema delicado ocorre quando é necessário sacrificar-se um animal doente. É nosso dever preservar suas vidas e garantir-lhes uma encarnação proveitosa porque são seres indefesos. A eutanásia, contudo, pode – e deve - ser praticada depois de esgotada todos os recursos médicos de tratamento e cura, segundo os que creem na reencarnação.
Pode ser considerado um assassinato quando a eutanásia acontece por comodidade. Por exemplo: abrigos que matam os animais caso não sejam adotados num período determinado, ou por que os donos não têm a paciência necessária para realizar os cuidados. Os animais também recebem a proteção e os cuidados de Espíritos Zoófilos que prestam assistência espiritual no momento do desencarne.
No caso da eutanásia, o veterinário aplica anestésicos que inibem a dor e tiram a consciência do animal. Neste momento, a ligação do espírito do animal com o corpo se rompe parcialmente. É então que a assistência espiritual auxilia no desencarne. Para os animais não é levada em grande consideração a Lei de Causa e Efeito como é para os seres humanos. Para os animais, eles são como crianças. Não podemos cobrar de uma criança a responsabilidade de um adulto. A eutanásia interrompe uma vida de sofrimento para que renasçam em um novo corpo sadio.
O animal tem consciência, mas muito mais restrita, em relação ao ser humano. Ele segue muito mais os seus instintos. A eutanásia deve ser o último recurso utilizado. Se o animal estiver sofrendo muito e não existir outra maneira, o plano espiritual não condena, porque é um aprendizado tanto para o animal quanto para o dono que precisa tomar a decisão.
Resumindo: a vida – qualquer vida - é um valor absoluto. Não existe vida menor ou maior, inferior ou superior. Animais não são seres inferiores. Para eles, não importa sua condição econômica, sua cor, sua religião, sua orientação sexual ou sua procedência. São seres dotados de uma bondade infinita, totalmente infinita. Quem tem um animal de estimação sabe disso. Acredito piamente que são espíritos reencarnados evoluídos, tamanha a bondade contida neles.
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