atila11dezARTE O DIA

A curiosidade em saber o que fomos em outra vida é revelado numa pesquisa do Datafolha que mostra que quase metade dos brasileiros acredita em reencarnação, sendo que somente 18% têm dúvidas. Aliás, a crença do brasileiro é um caso à parte em todo o mundo, já que num país majoritariamente católico, é maioria a fé na existência de vidas passadas, o que contraria o Catolicismo.

Reencarnamos várias vezes em busca da evolução do espírito. Uma das funções da reencarnação é aperfeiçoar a alma através de experiências sucessivas. Só que não conseguimos lembrar quem fomos nas vidas anteriores. Não conseguimos ter a mínima lembrança de nossa passagem nesse mundo em outras vidas.

A experiência conquistada ao longo das encarnações tem vantagens: o que se aprende, não se esquece. Alguém rancoroso acaba – depois de idas e vindas desse mundo - tornando-se tolerante. O pão-duro voltará generoso. O egoísta se dedicará à caridade. É assim que funciona. Reencarnações servem para isso: evolução.

É natural a curiosidade em saber quem fomos e o que fizemos nas vidas anteriores. Muitos se imaginam como ex-reis ou ex-rainhas, sempre se imaginando membros da alta realeza. Cá entre nós, quem quer se imaginar como um simples camponês numa vida pregressa? Mas...e se fomos cruéis na vida passada? Imagine se você foi um assassino cruel. Que decepção seria, não?

Não adianta nos iludirmos. Nas várias passagens reencarnatórias, já fomos bons ou já fomos maus, dependendo das circunstâncias das épocas que vivemos. Além do mais, o que antes poderia ser considerado normal, hoje é visto como algo condenável. Ou vice e versa.

Caldini lembra que podemos ter sido de tudo: piratas, crudelíssimos bárbaros, saqueadores europeus, senhores de escravos, oficiais ou soldados dos exércitos, religiosos boníssimos, imperadores ou súditos, inquisidores da Idade das Trevas, descobridores, traficantes, ladrões, assassinos ou torturadores.

É claro que desejamos ter sido um nobre na vida anterior, alguém influente que tenha mudado o destino da humanidade. O problema é que esse alguém poderoso pode ter sido uma pessoa má, exigindo mais reencarnações para a evolução do espírito. É um tiquinho mais complicado quando sabemos que filho de hoje pode ter sido o pai de ontem, já que as reencarnações não obedecem aos padrões que imaginamos.

Imagine você descobrir que foi uma pessoa muito, muito má, sem qualquer respeito pelo semelhante. E ao reencarnar como filho numa família, identifica nos seus pais as pessoas às quais fez tanto mal no passado? Como conviver numa situação dessas, olhando seus pais sabendo que você os torturou sem dó em outra reencarnação? Impensável, não?

Por isso, o esquecimento. O esquecimento é necessário também para que mantenhamos nossa vaidade sob controle. Até porque, sabendo que você foi alguém muito poderoso em outra vida, poderia se sentir acima de tudo e de todos nesta vida. Afinal, quem foi rei, jamais perde a majestade, não é o que dizem?

Por isso, é fundamental o esquecimento. Sempre são preservadas as características que mostram evolução espiritual, como sentimentos melhores, mais generosidade, mais compartilhamento, mais autodoação, por exemplo. Daí a importância de evitar optar (lei do livre arbítrio) nesta encarnação por caminhos nebulosos, erráticos, que jamais nos trarão orgulho.

Até mesmo para um criminoso, existe, lá no fundo, um resgate de bondade fruto da evolução espiritual. É impossível não crescer espiritualmente ao longo das várias reencarnações. Impossível. Na atual encarnação, com o conhecimento que possuímos, ainda temos dificuldades de perdoar e conviver com determinadas pessoas, não é verdade?

Ao desencarnarmos, nos lembramos dos momentos que mais se destacaram nas outras encarnações. Ao desencarnar, grande parte dessa memória retorna naturalmente. Lembramos de fatos importantes, aqueles que nos mostram como tem sido nossa vida ao longo de nossas encarnações: quem fomos e o que fizemos até o momento. Com isso, podemos nos avaliar e planejar futuras encarnações, que trarão novos encontros, reconciliações e aprendizados.

É possível fazer a regressão de vidas passadas e ter conhecimento pleno de vidas anteriores? Nos é dado o privilégio de conhecer nossas vidas passadas de forma irrestrita? Sim, é possível. E esse tema será abordado em outra coluna.

O fato é que quando entendemos que nossos erros e nossas vidas passadas contribuem para a evolução espiritual, significa que continuamos evoluindo. Ao alcançarmos elevado grau de progresso espiritual. Aí sim, poderemos mais facilmente acessar lembranças de existências passadas. Focar no presente é o que interessa.
No presente, saldamos as dívidas passadas e construímos um caminho em direção a um futuro espiritual de paz e amor, reservado para pessoas boníssimas como Chico Xavier e Irmã Dulce. Não importa quantos passos você deu para trás, o importante é quantos passos agora você vai dar para a frente.
Átila Nunes