ATILA18DEZARTE O DIA
Quando questionamos a aparente incoerência divina, pensamos imediatamente na afirmação de que Deus é "a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas". Isto quer dizer que Deus é infalível, certo? Se Ele é perfeito, não erra. É 100% justo e blindado a erros, certo? Só que não é uma bruta incoerência esse mesmo Deus permitir que crianças venham ao mundo com deficiência física e/ou mental?
Rejeito a ideia de punição quando ocorre a reencarnação de crianças com algum tipo de problema. Chegamos ao mundo com um único objetivo: evoluir. Uma criança nascida com um tipo de doença grave ou com uma séria deficiência física, não significa que alguém errou “lá em cima”. Deus não foi injusto. E muito menos puniu aquele espírito reencarnado.
Imaginemos alguém que, em outra vida, tenha se desviado para um caminho ruim, muito ruim. Ao reencarnar, pode vir com características que ajudem a não repetir seus erros da outra existência. Isso não significa que Deus puniu aquela alma, mas tão somente a auxilia para que não venha trilhar os mesmos caminhos ruins da vida passada.
Imaginemos um líder religioso, dono de uma oratória e poder de convencimento inigualáveis, capaz de convencer multidões com promessas de cura que jamais aconteceram, sendo que ao mesmo tempo, tenha enriquecido com o dinheiro arrecadado de fieis humildes e ingênuos. E tudo isso “em nome” de Jesus.
Existe forte chance dessa alma voltar na encarnação com sérias dificuldades de comunicação, talvez a fala. Só que isso não pode ser interpretado como castigo, e sim, como uma deficiência que se tornará um meio de auxiliar seu espírito na sua nova encarnação. Essa deficiência o fará refletir sobre o quanto é importante usar seus sentidos em favor do seu semelhante.
A dúvida é: aprendemos realmente alguma lição nesta vida pelos erros cometidos em outra? Tornamo-nos mais humildes? Mais generosos? Mais compreensivos? Será mesmo que aprendemos vivendo sob algum tipo de dor física? O tempo é uma ferramenta valiosa. Só as dificuldades da vida nos fazem amadurecer e refletir. O tempo é tudo, nesta e em outra vida.
Parece ser uma incoerência, mas essas dificuldades são justamente a que nos fazem mudar. Não há como não refletir sobre o que nos tornamos. Cada erro cometido é uma nova lição para que ele não ocorra novamente. Por isso, é injusto responsabilizar Deus ou maldizer a sorte.
Em todos esses casos de resgate, o tempo, o constrangimento, os obstáculos e os bons e maus exemplos nos educam. Se somos portadores de algum tipo de deficiência, mais se faz necessária uma profunda reflexão, invés de responsabilizar Deus ou maldizer a falta de sorte. Não existe sorte, existe resgate. Existe a escolha de um novo caminho, distante das ações ruins cometidas em outra vida.
As pessoas que nascem com algum tipo de deficiência exigem os cuidados de alguém por elas. E se você cuida do deficiente, lhe dá atenção e carinho, você também está resgatando algo que lhe faltou em outra existência. O cuidador e quem necessita de cuidados estão no mesmo processo de evolução espiritual. São espíritos em processo de evolução. Ambos.
Ou por acaso, quem acompanha o processo de um parente portador de Alzheimer, não sofre quase tanto quanto o doente? Quando cuidamos dessas pessoas, é um espírito zelando por outro, incapacitado. É uma oportunidade ímpar, por mais estafante que seja. É a oportunidade de praticarmos o bem, ao mesmo tempo em que evoluímos.
A verdadeira bondade é amar as pessoas mais do que elas merecem. Bom não é ser importante. Importante é ser bom.
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