Atila11junARTE PAULO MÁRCIO

A prece deve ser ditada pelo coração. A intenção é tudo. Esta é a razão porque a prece que vem do nosso íntimo é melhor do que a prece lida, por mais bonita que seja. A prece lida com os lábios não se iguala à prece lida com o coração.

Mesmo que a prece seja dita com fé, fervor e sinceridade, ela precisa ser um ato de sincera humildade. Para muitos, a prece é um ato de adoração, expressão pela qual tenho minhas restrições, porque não creio que Deus e os espíritos de luz desejem ser ‘adorados’. Uma coisa é fazer uma prece pensando em Deus, aproximando-se Dele, pondo-se em comunicação com Ele. Outra coisa é adotarmos uma atitude de pecadores arrependidos implorando por perdão.

A prece ajuda a pedir e a agradecer. A prece nos torna melhores e faz com que bons espíritos se aproximem para nos dar assistência. E é óbvio que essa ajuda jamais deve ser recusada. Incoerência é ver pessoas egoístas, invejosas e até mesmo más, orarem tanto. Além do mais, o essencial não é orar muito, mas orar direito, de forma sincera, com fé. O mérito não está na quantidade ou do tamanho da prece. Aliás, fazem da prece uma ocupação, um emprego do tempo, nunca um estudo de si mesmas. A ineficácia, em tais casos, não é do remédio, e sim por causa da forma como é aplicado. A prece não absolve nossas faltas.

No fundo, as boas ações são a melhor prece, porque os atos valem mais que as palavras. O pensamento e a vontade representam um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa vida corporal. A prece que fazemos por outra pessoa é um ato dessa vontade. Se for sincera, pode atrair os bons espíritos, auxiliando aquele por quem oramos. Esses espíritos trarão bons pensamentos fornecendo força para o seu corpo e sua alma. Repetindo: a prece do coração é tudo, a dos lábios nada vale.

Pode não parecer, mas é útil sim, orar pelos desencarnados e pelos espíritos sofredores. As preces proporcionam alívio e abreviam sofrimentos, mas elas não têm o poder de mudar os desígnios de Deus. O desejo de melhorar, despertado pela prece, atrai para junto do espírito sofredor espíritos melhores, mais evoluídos, que vão esclarecer, consolar e dar esperança aos que sofrem.

A prece é o recurso pelo qual a criatura se comunica com o Criador. A oração é sentimento, devendo ser feita sem afetação ou exibicionismo. Há muita diferença entre orar e declamar. A oração deve ser simples e espontânea. A prece é eficiente, tanto na manifestação verbal, como no silêncio das vibrações. A prece ilumina, tranquiliza, orienta e consola. Todas as preces são boas, desde que nascidas do coração sincero.

Alguém pode perguntar como fazer uma boa prece. A forma não é nada, o pensamento é tudo. Faça cada qual a sua prece de acordo com as suas convicções e da maneira que mais lhe agrade. Afinal, um bom pensamento vale mais do que numerosas palavras que não tocam o coração. Não existe fórmula para orar. O que importa é que, além das palavras, a prece deve conter a força sincera dos bons pensamentos e dos bons sentimentos. A boa prece é aquela que leva à uma profunda reflexão.

Dentro desse raciocínio, pode-se dizer que as preces já prontas não são úteis, não têm nenhuma finalidade, desde que sejam ditas de forma decorada, por puro costume. Sem compreender o verdadeiro sentido daquele conjunto de palavras, essas preces ficam sim sem finalidade. Porém, em alguns casos, os modelos já existentes como a Prece de Cáritas, Oração de São Francisco, entre outros, servem de guia para nos orientar, auxiliando as pessoas que sentem dificuldade em expressar seus pensamentos.

Nenhuma prece fica sem resposta. Muitas vezes essa resposta não é do jeito que gostaríamos ou no tempo que desejamos, mas com certeza ela chega exatamente na forma que precisamos. Podemos fazer pouco com muita fé, mas nada sem ela. A fé é a ousadia do espírito de ir além do que se pode ver.
Átila Nunes