Arte coluna Atila Nunes 21 maioArte Paulo Márcio

As perguntas se sucedem sobre os mais variados matizes desse mundo extraordinário e intrigante da espiritualidade. Agora, abordamos a volta ao mundo dos espíritos. Será que a alma conserva as percepções que tinha quando na Terra?
Quanto mais se aproximam da perfeição, mais sábios ficam os espíritos. Os superiores se destacam por uma elevada sapiência. Já os inferiores, têm pouco conhecimento. O tempo para os espíritos é diferente do tempo dos encarnados. Eles vivem fora do 'nosso' tempo, até porque a duração do tempo para eles deixa de existir. Os séculos para nós são longos. Já para eles, não passam de instantes que se movem na eternidade.

Espíritos veem o que não vemos. Esta é uma das razões pelas quais os espíritos têm conhecimento do passado de forma ilimitada. O futuro, por outro lado, só é parcialmente conhecido pelos espíritos muito evoluídos, que compreendem plenamente a essência de Deus. Os espíritos em evolução apenas O sentem.

Nós, aqui na Terra, temos pressentimentos como se fossem avisos secretos, que nos alertam o que fazer ou não. Deus não transmite diretamente ordens aos espíritos, e sim, por intermédio dos espíritos superiores. Espíritos não precisam da luz para ver. Veem por si mesmos, sem precisarem de luz exterior.

Os espíritos não experimentam os mesmos sofrimentos físicos que sofremos. Eles conhecem o sofrimento porque sofreram, mas como espíritos, não mais sentem o que materialmente sentimos. Não sentem cansaço, e portanto, não precisam de descanso corporal como a gente. Eles precisam, todavia, de outro tipo de repouso, pois há momentos em que seu pensamento perde o foco. É um verdadeiro repouso, mas de nenhum modo comparável ao do corpo.

Espíritos têm angústias morais que os torturam muito mais do que sofrimentos físicos. O corpo é o instrumento da dor. A alma tem a percepção da dor e essa percepção é o efeito. A lembrança da dor que a alma conserva é penosa, mas não tem qualquer significado físico. Nem o frio e nem o calor são capazes de atingir os tecidos da alma. Almas não se congelam e não se queimam. Os que têm amputado um membro como um braço ou uma perna, costumam sentir dor no membro que lhes falta, porque o cérebro simplesmente guardou esta impressão.

Assim são os sentimentos do espírito após a morte. Aí entra o papel fundamental do perispírito nos fenômenos espíritas, no estado em que o espírito se encontra por ocasião da morte, na sensação de que ainda está encarnado no corpo. É o caso dos suicidas. O perispírito é o laço que liga a matéria ao corpo, o laço que prende o espírito.

Quintessência – a quinta essência - é uma alusão à Aristóteles, que considerava que o universo é composto de quatro elementos principais - terra, água, ar, fogo e mais um quinto elemento, uma substância etérea que permeava tudo e impedia os corpos celestes de caírem sobre a Terra. O perispírito seria essa quinta essência da matéria, o princípio da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, já que esta reside no espírito.

Liberto do corpo, o espírito pode sofrer, mas não o sofrimento corporal. A dor que sente não é uma dor física. É um vago sentimento íntimo que o próprio espírito nem sempre compreende bem. É mais uma reminiscência do que uma realidade. Por ocasião da morte, o perispírito se desprende lentamente do corpo. Durante os primeiros minutos depois do desencarne, o espírito não encontra explicação para a situação em que se acha. Acredita não estar morto, por isso é que se sente vivo. Vê, entretanto, ao seu lado um corpo que não lhe pertence. Só não compreende por que está separado dele.

Essa situação dura enquanto houver qualquer ligação entre o corpo e o perispírito. Um suicida diria: “Não, não estou morto, mas sinto meu corpo sem vida”. O fato é que só o corpo pode ser atingido, jamais o perispírito e muito menos, o espírito. Isso ocorre enquanto não está completada a separação do corpo e do perispírito.

Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao espírito por intermédio do perispírito, o fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver nele espírito e nem perispírito. Eles ouvem, contudo, o som da nossa voz, nos compreendendo sem o auxílio da palavra e tão somente pela transmissão do pensamento. Quantos males, quantas enfermidades não sofremos pelos nossos excessos, nossa ambição, nossas paixões?

O mesmo se dá com o espírito. Os sofrimentos por que passa são sempre em razão da maneira pela qual viveu na Terra. É verdade que já não sofrerá mais de hipertensão ou reumatismo, mas experimentará outros sofrimentos resultantes dos laços que ainda o prendem à matéria. Quanto mais livre estiver da influência da matéria, menos sensações dolorosas experimentará. Por isso, a importância dele se libertar dessa influência corporal.

O espírito tem o livre-arbítrio, a faculdade de escolha entre o fazer e o não fazer. Não alimentar o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, o egoísmo. Sua missão é nutrir bons sentimentos e praticar o bem.

Átila Nunes