atila16abrARTE O DIA

Médium é toda pessoa que sente a influência dos espíritos. Essa faculdade é inerente ao homem e não constitui um privilégio, já que a maioria possui traços de mediunidade. A mediunidade não se revela da mesma maneira em todos os sensitivos. É grande a variedade de manifestações: médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos, médiuns auditivos, médiuns falantes, médiuns videntes, médiuns sonambúlicos, médiuns curadores, médiuns pneumatógrafos, médiuns escreventes ou psicógrafos etc.

Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos de objetos e ruídos. São raros, contudo, os que podem produzir grandes efeitos, como a suspensão de corpos pesados no espaço e que se deslocam no ar. Os efeitos mais comuns são a rotação de um objeto ou pancadas produzidas por este mesmo objeto. Muitos fenômenos acontecem de forma involuntária, à revelia do médium, que não tem consciência alguma do poder que possui.

O que se deve fazer em todos os casos, quando uma faculdade dessa natureza se desenvolve espontaneamente, é deixar que o fenômeno siga o seu curso natural. Em vez de dificultar ou impedir os fenômenos, o que se deve fazer é estimular o médium.
Médiuns sensitivos são os que sentem a presença dos espíritos por meio de uma vaga impressão, uma espécie de leve atrito, de discreto arrepio sobre todos os seus membros, sensação que não podem explicar. Todos os médiuns são necessariamente sensitivos: é a faculdade indispensável ao desenvolvimento de todas as outras. Um espírito bom produz sempre uma impressão suave e agradável. Já um espírito mau, pelo contrário, produz uma sensação penosa, angustiante, desagradável.

Outra categoria é a dos médiuns auditivos, os que ouvem a voz dos espíritos. Trata-se de uma voz interior que se faz ouvir no íntimo das pessoas. Os médiuns auditivos podem conversar com os espíritos. Quem não tem essa faculdade pode também conversar com um espírito, desde que disponha, para auxiliá-lo, um médium auditivo que desempenhe a função de intérprete. Esta faculdade é muito agradável quando o médium só ouve espíritos bons, mas o quadro muda por completo quando um espírito mau se agarra a ele, fazendo-lhe ouvir coisas desagradáveis e inconvenientes.

Os médiuns auditivos - os que apenas transmitem o que ouvem -, não são médiuns falantes, que na maior parte das vezes, nada ouvem. O médium falante se exprime sem ter consciência do que diz, vocalizando coisas completamente estranhas às suas ideias habituais, aos seus conhecimentos e, até mesmo, fora do alcance de sua inteligência. Interessante é que embora se ache perfeitamente acordado, em estado normal, raramente se lembra do que disse. Nele, a palavra é um instrumento de que se serve o espírito, com o qual uma terceira pessoa pode comunicar-se, como o faz com o auxílio de um médium auditivo.

Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os espíritos. Alguns gozam dessa faculdade quando acordados, conservando a lembrança do que viram. Outros, só a possuem em estado próximo do sonambulismo. Esta faculdade é passageira. A possibilidade de ver espíritos quando sonhamos é uma espécie de mediunidade, mas não constitui a mediunidade de vidência. O médium vidente acha que é ele que vê, mas é a alma quem vê, razão pela qual eles tanto veem com os olhos fechados como com os olhos abertos. Consequentemente, um cego pode ver os espíritos., da mesma forma que outro que tem visão normal.

É preciso distinguir as aparições espontâneas da faculdade de ver os espíritos. Muitas são frequentes, sobretudo no momento da morte das pessoas que o médium vidente amou ou conheceu. Além das visões durante o sono, aparecem parentes ou amigos que, embora mortos há mais ou menos tempo, aparecem para avisar de um perigo, dar um conselho ou pedir um serviço que não lhe foi possível fazer em vida ou o socorro das preces. Esse dom permite ver qualquer espírito que se apresente, ainda que seja absolutamente estranho aos médiuns videntes. Entre esses médiuns, existem aqueles que só veem os espíritos evocados, cuja descrição é exata, com todas as suas particularidades, gestos, expressão da fisionomia, os traços do semblante, as roupas e até mesmo os sentimentos.

Os médiuns sonambúlicos têm uma faculdade mediúnica baseada no sonambulismo. São duas ordens de fenômenos que frequentemente se acham reunidos. O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio espírito. É sua alma que vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos, porque sua alma está livre. O médium sonambúlico exprime o seu próprio pensamento, e não de outrem. O estado de emancipação da alma provocada pelo sonambulismo facilita essa comunicação.

Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os espíritos e os descrevem com tanta precisão quanto os médiuns videntes, podendo conversar com eles, transmitindo-nos seus pensamentos. O sonâmbulo que fala por si próprio pode dizer coisas boas ou más, exatas ou falsas, conforme o grau de elevação ou de inferioridade do seu próprio espírito. Como acontece com todos os médiuns, um sonâmbulo pode ser assistido por um espírito mentiroso, leviano ou mesmo mau. É principalmente neste caso que as qualidades morais exercem grande influência, para atraírem os espíritos bons.

Os médiuns curadores fazem parte de uma categoria especial. É um gênero de mediunidade que consiste no dom que certas pessoas possuem de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Certamente dirão que se trata simplesmente de magnetismo, porém, quando se examina o fenômeno com cuidado, facilmente se reconhece que há mais alguma coisa. Nos médiuns curadores, a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo.

A maioria das pessoas que podem ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, uma verdadeira evocação. Curas podem ser alcançadas por meio da prece. Algumas vezes, pode acontecer que o doente esteja sofrendo muito e acabamos julgando que nossa prece não foi ouvida. Não existem fórmulas de preces mais eficazes do que outras.

Os médiuns pneumatógrafos – os que manifestam a voz direta dos espíritos, sem o auxílio da voz do médium – têm aptidões raras. Conforme seja maior ou menor o poder do médium, obtêm-se simples traços, sinais, letras, palavras, frases e mesmo páginas inteiras. A prece é condição essencial. O mais incrível é se reúne no mesmo indivíduo quase todos os gêneros de manifestações espontâneas: estrondos dentro de casa, tombamento dos móveis, arremesso de objetos a distância por mãos invisíveis, visões e aparições, sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos, instrumentos tocando sem contato, comunicações inteligentes e vai por aí afora.

No próximo sábado, na segunda parte, vamos detalhar as várias subcategorias de médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos, médiuns auditivos, médiuns falantes, médiuns videntes, médiuns sonambúlicos, médiuns curadores, médiuns pneumatógrafos e médiuns escreventes ou psicógrafos.



Átila Nunes