Arte coluna Atila Nunes 12 março 2022 vale esteArte Paulo Márcio

As guerras fazem parte desse planeta que está longe, muito longe, de um nível razoável evolutivo. E bota longe nisso. Segundo alguns estudiosos do Espiritismo, numa escala de 1 a 5, estaríamos ainda no nível 2. A guerra data dos primórdios da habitação do planeta quando as primeiras tribos passaram a lutar pela tomada de recursos naturais ou de territórios.

A guerra sempre foi a solução encontrada pelos habitantes desse planeta para que seus objetivos fossem alcançados. Só que guerras têm gravíssimas consequências, nos levando ao questionamento: como o Espiritismo explica as guerras? Como Deus permite isso? O soldado que mata na guerra está cometendo assassinato?

Primeiro, vamos ao óbvio: nas guerras é exposto nosso instinto animal, em que buscamos revelar a superioridade através da força. Só que ainda estamos na fase embrionária da evolução planetária, razão porque acreditamos que só conseguiremos valer nossa vontade e a aceitação de nossos argumentos, através da força.

A Lei do Livre Arbítrio permite ao homem que ele escolha a opção que melhor lhe aprouver. E um de seus ‘artigos’ chama atenção: o da destruição, que leva às guerras. É claro que a guerra nunca será o caminho preferido pela espiritualidade. A predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual leva à barbárie. Infelizmente, depois de milênios, os povos só conhecem o direito do mais forte e, por isso, a guerra constitui para eles um estado normal.

O lado positivo é que quanto mais o ser humano progride, mais as guerras se tornam menos frequentes. A permissão divina na continuidade da existência das guerras, é porque delas tiramos lições valiosas, apesar dos horrores. E tudo isso por causa do livre-arbítrio. Curioso é que é através dos acontecimentos dramáticos das guerras, obtemos alguns avanços necessários. As guerras que buscavam a liberdade de povos oprimidos, por exemplo, fizeram boa parte da humanidade repensar suas atitudes e o tipo de sociedade que desejam se tornar.

A guerra mostra que paradoxalmente, a providência divina permite que sejamos atacados pelo mal que escolhemos fazer. Assim, aprendemos na prática que a guerra deve ser extinta como opção para resolver questões entre os povos. Quando me refiro à expressão paradoxal, é porque foi em alguns conflitos que obtivemos avanços como a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É óbvio que Deus não encoraja a guerra, que é mera consequência do lado mal de nossa natureza. Para toda situação, a providência divina tem uma solução que independe de atitudes que levem ao mal. Em nossa imperfeição - e teimosia - buscamos forçar as situações para que tudo aconteça à nossa maneira. Essa ansiedade em mostrar que estamos certos e o nosso orgulho em admitir erros criam situações que levam às guerras. Política e poder caminham juntos nesses casos, quando pessoas atropelam as leis divinas em benefício próprio.

Nenhum soldado é culpado pelas mortes que comete durante a guerra. Na verdade, ele é constrangido pela força, mas, torna-se culpado pelas crueldades que vier a cometer, ignorando o sentimento de humanidade. É o caso da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, onde são relatados casos de estupros de crianças e mulheres. O assassinato em si não é o problema numa situação de guerra, e sim, qual a intenção por trás daquele ato. Se foi praticado com crueldade e prazer ou se foi praticado pela simples necessidade de sobrevivência do indivíduo.

Afinal, a guerra desaparecerá algum dia da face da Terra, quando os homens compreenderem a Justiça. Aí, sim, todos os povos serão irmãos. A guerra é a consequência do uso predominantemente irracional da força e a fuga da razão diante da emoção. Isso é devido ao fato de estarmos ainda em um baixo degrau de evolução, em que a razão ainda é muito material.
Átila Nunes