Arte Atila Nunes 29 janeiro 2022Arte Paulo Márcio

Os que preveem o futuro sempre foram chamados de profetas em muitas civilizações. Aos profetas eram atribuídos o dom de adivinhar o futuro. Na nossa realidade contemporânea, sabe-se que médiuns são ferramentas de comunicação entre nosso mundo e os espíritos dos desencarnados.

Os profetas sempre foram considerados enviados de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Os profetas eram os médiuns do passado. Isso quer dizer, contudo que todo médium pode prever o futuro? Não! Raríssimos médiuns têm o dom de predizer o futuro.

A verdade é que todas as religiões têm seus profetas, isto é, os que se destacam pela predição do futuro. Esse dom é raro e não pode ser utilizado de maneira irresponsável, já que um médium com esse dom é presenteado pelos espíritos superiores que sabem que o que pode acontecer. São os médiuns dotados de pressentimentos.

Da mesma forma como surgem falsos médiuns, também sempre existiram os falsos profetas. O fato é que o exercício da mediunidade exige um profundo recolhimento, incompatível com um caráter leviano. Pressentimentos verdadeiros precisam de um ambiente sério, silencioso, sem conotações circenses.

As almas dos que fizeram sua passagem desta dimensão para outra, sejam estranhos, parentes ou amigos, não são objeto de curiosidade e diversão. Até mesmo porque esses espíritos, na maioria das vezes, vêm para nos instruir, sempre focados na sua – e a nossa – evolução. Aliás, é bom salientar que os médiuns que anteveem o futuro não têm como missão adivinhar os números da megasena ou quando será seu trazido o seu “amor de volta”. Os que têm o dom de profetizar vêm nos ensinar que há uma outra vida e como nos devemos conduzir para nela sermos felizes.

Para quem acredita no fenômeno da comunicação dos espíritos, nada tem de sobrenatural o dom da previsão do futuro, haja vista a quantidade imensa de outros fenômenos que ocorrem nas relações do mundo visível com o mundo invisível. Outra coisa: quem tem esse dom de revelar algo que irá acontecer, pode anunciar sem perceberem isso. O sono – um estado de vigília – é um dos momentos apropriados para a alma se desprender momentaneamente e receber as mensagens profetizadoras.
É óbvio que quanto menor for a importância dada às coisas materiais, mais aflorará seu dom mediúnico. Isso significa evolução espiritual. Só que uma pergunta sempre é feita: se um médium pode prever o futuro através dos espíritos, esses mesmos espíritos podem revelar o futuro para os médiuns? Honestamente, seria um benefício? Não, não seria.
Ignorar nosso próprio futuro é uma bênção. Aliás, quantos de nós, ao sabermos o que iria acontecer conosco mais a frente, não abandonaríamos tudo? Imagine saber que quanto tempo falta para você desencarnar. Como conseguir viver pensando no tique-taque do relógio?

Médiuns que se autointitulam infalíveis e cedem ao desejo de diversão das pessoas não percebem que a predição do futuro é um dom e como tal, deve ser usada para o bem. Espíritos não estão subjugados às ordens de ninguém. Espíritos vêm quando e com quem desejarem. Imaginar ter um espírito à sua disposição como um mordomo é ignorância. Ou então, não se incomoda de ser interpretado como uma fraude. Médiuns sérios não ficam evocando espíritos a todo momento, muito menos em troca de bens materiais.

Chico Xavier tomava cuidado para não ser levado a essas parcerias inconscientes e não se tornar inconscientemente, “psicógrafo” de redações encomendadas pelas famílias em busca de notícias dos entes queridos e de evidências da sobrevivência deles em outro plano. “O telefone só toca de lá para cá”, repetia sempre Chico.
Muitas vezes, ele abraçava os pais em desespero e chorava junto com eles. “Ajude e você vai estar se ajudando”, dizia ao consolar as famílias. Cada mensagem psicografada cumpre uma missão básica: atenuar a dor das famílias.


Átila Nunes