Arte Atila Nunes 15 janeiro 2022Arte Paulo Márcio
Os mais espiritualizados entendem que essa é uma mensagem da alma chamando nossa atenção para mudanças urgentes. Mudanças no comportamento, no beber, no comer, no agir. É como se o espírito nos desse um puxão de orelha e sussurrasse: “Mude enquanto há tempo”. A culpa é quase sempre nossa, haja vista as más escolhas. Só tem um responsável pelos excessos, seja comida ou bebida. É uma opção garantida ao ser humano pela Lei do Livre Arbítrio.
Doenças não são punições, não são castigos enviados por Deus diante de nossas más escolhas. Como então, crianças que mal aprenderam a se comunicar seriam vítimas? A ideia de que Deus castiga nos fazendo adoecer é absurda sob todos os sentidos. Imagine se Deus condenaria uma criança a morrer esmagada por uma pedra no lago de Capitólio, em Minas Gerais. Se assim fosse, Deus seria de uma crueldade sem limites o que nada tem a ver com o amor que Ele encarna.
Doenças são avisos. Avisos de que algo precisa ser mudado, seja na alimentação, seja no comportamento. É bem verdade que esses avisos chegam de forma dolorosa nos fazendo parar em hospitais, despidos literalmente de nossas roupas, substituída por aventais, indispensáveis para penetrarmos naquelas câmaras claustrofóbicas de ressonância magnética. É justamente nesse momento que acordamos para a realidade.
Quando nos deparamos com uma doença grave, imediatamente deixamos de lado todas as urgências do que achávamos indispensáveis fazer. É a hora em que acordamos para uma duríssima realidade, independentemente do tamanho da nossa conta bancária. A chegada de um diagnóstico ruim é um ‘freio de arrumação’ em nossas vidas. E vêm à mente os questionamentos, os por quês.
Por que sempre fui intransigente? Por que alimentei tanto rancor? Por que maltratei tanto as pessoas? Por que exagerei na alimentação? Por que nunca cuidei do meu corpo? Por que nunca me preocupei com o que minha alma me sussurrava, dizendo que tinha algo errado? E os ‘por quês’ vêm seguidos dos ‘de que adiantou’. De que adiantou ter acumulado tantos bens materiais? De que adiantou ter brigado com meio mundo em troca de mais poder? De que adiantou tanta arrogância, de ter pisado em tanta gente?
Essa ‘ficha cai’ quando vestimos aquelas camisolas nos hospitais com abertura para trás que nos deixam com os traseiros expostos. É quando começa a bateria de exames, com nosso corpo sendo furado para coleta de sangue, engolindo pílulas que causam consequências desagradáveis, amargando a solidão em UTIs. É aí que a gente tem a certeza de que somos todos rigorosamente iguais nesse mundo. E essa é a única maneira de despertarmos para a verdade sinalizada pelas nossas almas.
Ao atingirmos a vida adulta deveríamos passar a ter mais cuidado não apenas com o corpo, mas sobretudo, com a alma. Por isso, a enfermidade. É a única e poderosa forma de nos fazer parar e passar a questionar a vida que levamos. É nesse momento em que damos atenção às mensagens que chegam da alma. É o aviso divino de que já passou da hora de nos voltarmos para o lado espiritual, minimizando o material.
Estudos de médicos mostram que a Medicina à luz do espiritismo cresceu no Brasil. Pacientes e médicos descobrem várias causas espirituais para as doenças. E cada vez é mais forte a convicção de que em nossas almas estão as respostas do por que ficamos doentes. Ao contrário da medicina tradicional, muitos médicos não consideram no enfermo apenas o corpo com o seu organismo. O espírito e suas vivências dizem muito para o diagnóstico.
A consciência do ser humano é imaterial. E não é o cérebro que a produz, mas o espírito. Essa teoria muda inteiramente o que se pensa hoje sobre as coisas do inconsciente. Não é o cérebro que produz o pensamento. A saúde e a doença estão no espírito e não na matéria. Por isso, levar em consideração a vida passada do paciente é importante. A doença não é um instrumento de punição e sim, um aprendizado, instigando-nos não a perguntar "por que adoecemos?", mas "para que adoecemos”?
Em 2012, o câncer levou meu filho desta vida. E aprendi que diariamente tenho que dar parabéns a mim mesmo. Segurar as mãos dos que amo por mais um momento. Abraçá-los. Dizer o que tenho que dizer. Tocar em quem tiver vontade. Beijar. Sorrir. Gritar. Gargalhar. Chorar. Viver.
Átila Nunes
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