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Quando temos prejuízos materiais, sempre temos algum tipo de responsabilidade, direta ou indireta. E os sofrimentos morais? Também somos responsáveis por eles? Afinal, os sofrimentos de natureza material independem da nossa vontade, mas e os morais?

O orgulho ferido, a ambição não realizada, a mesquinhez, o ciúme e a inveja corroem a alma. A inveja e o ciúme são roedores. Para os que são tomados por esses sentimentos, não há descanso possível. São como fantasmas que não dão tréguas e que os perseguem de dia, e até durante o sono. O invejoso e o ciumento ardem em febre. Não compreendem que esses maus sentimentos causam um sofrimento atroz, tornando sua existência insuportável neste mundo.

Quem já não ouviu falar das expressões “inchado de orgulho”, “morrer de inveja” ou “morto de ciúme”? Podemos dizer que essas expressões, em alguns casos, são literais, isto é, alguns morrem por causa do ciúme. Os invejosos ficam perturbados pelos vencedores, pelos que se destacam, pelos que que brilham na sociedade. Ganham alguma coisa com isso? Não. Apenas sentem inveja porque, mesmo não tendo qualquer ligação com a pessoa invejada, angustiam-se em não conseguir o que o outro conseguiu. Pior é o invejoso que trabalha com afinco para ofuscar o invejado. É quando a inveja se alia à mediocridade.

Os que se sentem infelizes, o são por causa da importância que dão aos objetos deste mundo. Quem só vê felicidade nos bens materiais – sem poder conquistá-los – é extremamente infeliz. Como o invejoso raciocina, isso o afeta muito, porque ele percebe isso. E isso o angustia mais ainda. E quanto mais ele inveja, mais sofre. A inveja e o ciúme corroem a alma podendo levar à morte ou, no mínimo, a doenças, como a depressão.

Nas mais variadas religiões, se reconhece a existência da inveja. Caim e Abel são bons exemplos. Caim invejava Abel e, com ódio, matou o irmão, porque achava que ele, Caim, é que era o merecedor do que também era usufruído por Abel. A inveja é pouco sentida se os invejados estiverem geograficamente longe, longe de sua realidade. Invejar a Beyoncè que vive nos EUA é muito mais raro do que invejar a Ivete Sangalo, que convive conosco aqui, no Brasil.

A inveja é curiosa porque nasce do amor e da admiração para se transformar vagarosamente num ressentimento guardado à sete chaves. O invejoso não tem a menor noção de que ele também é uma peça importante neste mundo, tão ou mais do que o invejado. Por isso, ele é inseguro e busca chamar atenção para suas virtudes comparando-as com as dos invejados.

O invejoso não consegue agradecer a Deus pelo que já conquistou. Ele quer o que o outro tem, seja no campo material, seja no familiar. Esta é a razão porque a inveja é um sofrimento quem a sente, porque é inalcançável o objetivo de se igualar ao sucesso do invejado. O invejoso tenta ser mais simpático do que o outro, tenta sorrir, mas na sua face o que se vê uma careta. Ele finge ser descontraído, ‘descolado’, mas continua rígido por fora e por dentro.

O espírito invejoso não percebe que o problema é ele, não os outros. São reencarnações que não conseguiram se livrar dos bens materiais de vidas anteriores, não percebendo que sua evolução espiritual é o verdadeiro objetivo a ser alcançado. Esse sentimento ruim, a inveja, é perigoso, porque causa reflexos em terceiros que nada têm a ver com o invejoso e o invejado. O invejoso não odeia só os invejados, mas também os que os cercam. E o mais dramático: o invejado nem sempre sabe que é alvo de inveja.
Os espíritos evoluídos são agradecidos pelo que foram e outras vidas, convivendo nesta dimensão de forma harmoniosa com seus semelhantes. Jamais enxergam o outro como ameaça, porque sabem que não há uma única vantagem na inveja. Como disse Zuenir Ventura, o ódio espuma, a preguiça se derrama, a gula engorda, a avareza acumula, a luxúria se oferece e o orgulho brilha. Só a inveja se esconde.
Átila Nunes