Arte coluna Atila Nunes 19 março 2022Paulo Esper

Nos dias de hoje, o chamado demônio, a representação do mal, segundo o imaginário popular, é usado para que pessoas ingênuas doem seus bens materiais para líderes religiosos inescrupulosos. Não importa como sejam chamados: espírito maligno, espírito das trevas, Lúcifer, Satanás ou Diabo, o fato é que esse ser inexiste, mas que povoa o inconsciente coletivo dos ingênuos, serve para que os espertalhões enriqueçam.

A verdade é que milhões de espíritos desencarnados permanecem agarrados à vida material, impedindo a evolução das criaturas. Sentimentos ruins como discórdia e malícia agem quando encontram atmosfera favorável, tentando jogar os que que ainda vivem nesse planeta, uns contra os outros.

Afinal, se existem anjos, por que não existem os demônios? Anjos e demônios são entidades distintas. Como destaca Domério Oliveira, Deus criou os espíritos iguais e todos partiram do mesmo ponto. Unidos aos corpos materiais, esses seres constituíram a humanidade terrena. Quando libertos dos corpos materiais, esses seres constituem o mundo espiritual. Esses espíritos povoam os espaços. Os espíritos têm por objetivo a perfeição, ápice em que encontram a Felicidade plena. A Felicidade decorre da perfeição.

Os espíritos não surgem perfeitos. Chega-se à perfeição com seus próprios esforços, o que é meritório. Desde o momento de sua criação, os espíritos devem progredir, quer como encarnados, quer no estado espiritual. Atingindo o ápice da evolução moral, os espíritos se tornam puros, e por isso, são chamados de anjos.

Assim, os chamados anjos – os espíritos puros – mostram que pertencem à mais alta escala da evolução por terem escalado, com sucesso, todos os degraus de progresso moral e intelectual, conforme a posição em que se acham. Domério de Oliveira lembra que em todos os graus existe ignorância e saber, bondade e maldade. Só quando o espírito atinge o topo dessa escada imensa, é que ele se torna puro, bom e sábio. Emmanuel, o grande guia do nosso Chico Xavier, por exemplo, é um espírito puro, bom e sábio.

Nas bases inferiores desta escada destacam-se ainda, espíritos que têm o prazer de produzir o mal. São espíritos atrasados que sentem prazer em perturbar outros espíritos. Esses espíritos malignos são chamados vulgarmente de demônios, só que não pertencem a uma categoria especialmente criada por Deus. Nós é que inventamos isso. A mãe que exausta com as travessuras do filho, exclama: “Esse menino é um demônio!”, não vê no próprio filho literalmente um demônio.

Trata-se de simples rotulação, já que os espíritos que são classificados como demônios não constituem uma criação distinta. Os espíritos foram criados todos iguais. Esses espíritos atrasados tropeçam e caem, não se levantando, segundo Domério de Oliveira. Não estão marcados para que continuem eternamente como espíritos atrasados, condenados a serem chamados de demônios. Eles conseguem, sim, alcançar a própria regeneração através de várias reencarnações.

O que vulgarmente chamam de demônios, nada mais são do que espíritos imperfeitos, que estão em processo de regeneração. Têm também espíritos tão agarrados ao mundo material, que se destacam pelos seus sentimentos maus, como se quisessem permanecer nas classes inferiores. Vai chegar o dia, entretanto, que esses espíritos, cansados dessa vida angustiante, mudarão. Aos poucos, mas mudarão.

Os espíritos puros, os nossos anjos, graças aos seus méritos, são aqueles que escalaram, com sucesso, a escada da perfeição. Já os espíritos impuros, sentem prazer em produzir o mal, só conseguindo ser guindados para os degraus superiores com o tempo.

Conclusão: não existem demônios, mas sim, espíritos impuros. Ou melhor, aqueles que se utilizam da folclórica imagem do demônio para enriquecer, saqueando os bolsos dos ingênuos, são a própria representação de espíritos atrasados, ruins, capazes de fazer mal nesta vida aos que os seguem cegamente por causa de seu poder de convencimento.
Átila Nunes