Arte coluna Atila Nunes 23 abrilArte Paulo Márcio

De todos os meios de comunicação mediúnica, a escrita manual é o mais simples e mais completo, permitindo que se estabeleçam com os espíritos relações regulares. Pela facilidade com que os espíritos podem exprimir-se, são revelados seus mais íntimos pensamentos.

O médium escrevente – o psicógrafo – consegue aprimorar suas faculdades mediúnicas através do exercício. Curioso é que quando o lápis está na mão do médium, esta se agita convulsivamente e bate na mesa, mesmo quando o médium se encontra bastante calmo, surpreendendo-se por não poder controlar-se. É bem verdade que tais efeitos demonstram a presença de espíritos imperfeitos, já que os superiores são sempre calmos e bondosos.

Quando o espírito atua diretamente sobre a mão do médium, este não consegue controlar. Enquanto o espírito tiver alguma coisa a dizer, a mão se move sem interrupção à revelia do médium, parando somente quando o ditado termina, sem o médium ter a menor consciência do que escreve. Essa inconsciência é que caracteriza os médiuns passivos ou mecânicos. Chico Xavier foi um dos maiores exemplos.

A transmissão do pensamento também se dá por meio do espírito do médium intuitivo, ou melhor, de sua alma. A alma é o espírito encarnado. Neste caso, o espírito não guia a mão para fazê-la escrever como no médium escrevente, o médium psicógrafo. Ele atua sobre a alma que, por sua vez, conduz a mão e dirige o lápis. O espírito comunicante não substitui a alma do médium, apenas a domina e lhe imprime sua vontade. O papel da alma não é inteiramente passivo, pois é ela quem recebe o pensamento do espírito e o transmite.

Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, mas não exprime o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo. Se for assim, não poderia ser um espírito estranho quem escreve, e não a alma do médium? De fato, algumas vezes a distinção é bastante difícil de se fazer. É possível reconhecer o pensamento sugerido que vai surgindo à medida que a escrita vai sendo traçada e, não raras vezes, é contrário à ideia que o médium fazia do assunto, antes de começar a escrevê-lo.

No médium mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário. O médium semimecânico participa desses dois gêneros. Sua mão é impulsionada contra sua vontade, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. Os médiuns semimecânicos são os mais numerosos.

Todos que recebem pelo pensamento ou no seu estado normal comunicações estranhas às suas ideias preconcebidas, podem ser incluído na categoria dos médiuns inspirados (ou involuntários). É um tipo de mediunidade intuitiva, através da intervenção de uma força oculta, menos sensível, difícil de se distinguir o pensamento próprio do que é sugerido pelo espírito. Tudo é espontâneo. A inspiração vem dos espíritos que nos influenciam, para o bem, ou para o mal, mas normalmente são os que querem nosso bem.

Todos são médiuns já que todos têm seus espíritos protetores. Por isso, a importância de aceitar a inspiração de seu anjo da guarda, nos momentos em que não se sabe o que dizer ou se fazer. Cada um de nós deve invocar seu espírito protetor com confiança, caso seja necessário. Aí, surgirá a resolução a ser tomada, do que fazer.

Homens e mulheres geniais como cientistas, artistas, sábios, por exemplo, são espíritos adiantados, capazes de compreender por si mesmos e de conceber grandes coisas. Por julgá-los capazes, é que os espíritos, quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem ideias sem que os médiuns saibam.

Isso acontece no nosso cotidiano. Já lhe deve ter acontecido ouvir uma voz lá dentro de seus pensamentos sugerindo que não façamos algo porque é perigoso. Ou, ao contrário: a voz diz para fazermos. Pode ser o caso de autores, pintores, músicos que, no momento de inspiração, podem estar agindo sob mediunidade, certo? É verdade. Nesses momentos de inspiração, eles têm a alma mais livre, quase desprendida da matéria.

O médium de pressentimento tem uma vaga intuição das coisas futuras. Pode ser devida a uma dupla vista, que lhes permite sentir o que vai acontecer. Muitas vezes, também é o resultado de comunicações ocultas.

Os médiuns especiais são dotados de aptidões particulares, ainda não definidas. Suas comunicações revelam a natureza do espírito mostrando a marca da sua elevação ou de sua inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância. Entre os espíritos que permitem comunicações inteligentes, há espíritos poetas, músicos, desenhistas, sábios, médicos etc.

Vamos a um exemplo: um músico talentoso tem ao seu alcance diversos violinos que, para as pessoas comuns, são apenas bons instrumentos, embora sejam muito diferentes uns dos outros para o artista genial. Ele consegue identificar variações sutis, levando-o a escolher uns e rejeitar outros, por intuição. Isso vale para os médiuns.

Há indivíduos que, como médiuns, escrevem admiráveis poesias, sendo que sem estarem incorporados, são incapazes de fazer. Outros são grandes poetas, mas como médiuns, só são capazes de escrever uma simples prosa. Os espíritos que se comunicam dão preferência a um determinado médium, de acordo com as suas simpatias.


Átila Nunes