Atila18junARTE O DIA

O verbo evocar no mundo do Espiritismo tem o significado de chamamento. A maioria crê que somente médiuns podem evocar os espíritos. Não é bem assim. Todos podem fazê-lo. E mesmo aqueles que evocamos não enviem sinais efetivos de que atenderam ao chamado, nem por isso deixarão de estar ao nosso lado, nos escutando.

É claro que o espírito nem sempre atende ao chamado que lhe é feito. Isso depende das condições em que se encontra, pois há circunstâncias em que não pode atender ao chamado. Em primeiro lugar, a sua própria vontade; depois, o seu estado corpóreo. Caso se ache encarnado, dependendo das missões que tenha que cumprir, a permissão pode ser negada. Há espíritos que nunca podem comunicar-se, aqueles que ainda estão no início de sua evolução, presos à materialidade.

Outros, como os que se encontram nas esferas de punição, a mesma coisa, pois lhes é negado atender à evocação. Para que um espírito possa atender ao nosso chamado, é preciso que ele tenha alcançado um certo grau de evolução. O mesmo não se dá com os que estão em missão ou em expiação nos mundos inferiores.

A grande curiosidade é como podem os espíritos, dispersos pelo espaço ou por diferentes mundos, ouvir as evocações que lhes são feitas de todos os pontos do Universo. Muitas vezes são prevenidos pelos espíritos familiares que nos cercam e que vão procurá-los. O espírito evocado, por mais afastado que esteja, recebe a mensagem via pensamento, como uma espécie de comoção elétrica, que lhe chama a atenção para o lado de onde vem o pensamento que o atinge. Mal comparando, ele ouve o pensamento, como aqui na Terra ouvimos a voz.

O espírito no Espaço é como o viajante numa vasta planície. Ouvindo pronunciar seu nome, ele se dirige para o lado de onde o chamam. Sabemos que as distâncias nada representam para os espíritos, mas causa admiração ver que respondem tão prontamente ao chamado, como se estivessem muito perto. É que, às vezes, realmente estão. Se a evocação é premeditada, o espírito é advertido com antecedência e frequentemente se encontra no lugar em que é evocado, antes mesmo que o chamem.

De acordo com as circunstâncias, o pensamento do evocador poderá ser ouvido com maior ou menor facilidade. O espírito é tocado com mais vivacidade, quando chamado por um sentimento de simpatia e de bondade. É como se reconhecesse uma voz amiga. O espírito evocado obedece à vontade divina, apesar do espírito poder julgar da utilidade de vir (ou deixar de vir), por exercer o livre-arbítrio.

Espíritos superiores vêm sempre quando chamado para um fim útil, não se negando a responderem, senão às pessoas pouco sérias ou que tratam essas coisas como brincadeira. Assim, o espírito evocado pode negar-se a atender ao chamado que lhe é dirigido. Aliás, onde estaria seu livre-arbítrio se assim não fosse? Os seres do Universo não estão à nossa disposição 24 horas por dia, não sendo obrigados a responder a todos que os evocam. Não há como meio de obrigar um espírito vir contra a sua vontade. Se o espírito for inferior, ele pode atender ao chamado, desde que seja para o bem do espírito evocado.

São necessárias algumas disposições especiais para as evocações. A mais essencial de todas as disposições é o recolhimento, quando se pretende lidar com espíritos sérios. Com fé e com o desejo do bem, tem-se mais força para evocar os espíritos superiores. E tem muita utilidade a formação de uma corrente, dando-se todos as mãos, alguns minutos antes de começar a reunião. A corrente é um meio material que não estabelece a união entre nós, a não ser que ela exista em nossos pensamentos, apelando cada um para os espíritos bons.

Não há dia e hora mais propícios para as evocações. Para os espíritos, isso é completamente indiferente. Os momentos mais adequados são aqueles em que o evocador possa estar menos distraído pelas suas ocupações habituais, aqueles em que se ache mais calmo de corpo e de espírito. Quando o objetivo é louvável e quando o meio lhes é simpático, a evocação constitui para eles uma coisa agradável. Os espíritos se sentem sempre felizes com os testemunhos de afeição de que são alvo.

Alguns consideram grande felicidade o fato de se comunicarem, mas sofrem com o abandono em que são deixados. Entre os espíritos, há os que não gostam de ser incomodados e cujas respostas denotam o mau humor em que vivem, principalmente quando chamados por pessoas que lhes são indiferentes, pelas quais não se interessam. Muitas vezes, um espírito não tem nenhum motivo para atender ao chamado de um desconhecido, que lhe é indiferente e que quase sempre é movido pela curiosidade. Se vem, suas aparições são curtas, a menos que a evocação vise a um fim sério.

Há pessoas que só evocam seus parentes para lhes perguntar coisas da vida material. Por exemplo: um quer saber se alugará ou venderá sua casa; outro, para saber que lucro tirará da sua mercadoria, o lugar onde há dinheiro escondido, se tal negócio será ou não vantajoso. Nossos parentes de além-túmulo apenas se interessam por nós em virtude da afeição que lhes consagremos.
Se só pensamos neles para lhes pedirmos informações, é claro que não podem ter grande simpatia por nós e ninguém deve surpreender-se com a pouca benevolência que lhes demonstrem. Semana que vem, a segunda parte sobre a evocação dos espíritos.
Átila Nunes