Arte coluna Bispo Abner 18 setembroPaulo Márcio
Elas fizeram escolhas, abriram mão de sonhos e ainda lembram com dor daquilo que lhes feriu. Essas sentenças negativas carregam consigo a possibilidade de atrofiar as crenças do indivíduo e limitar o que pensam sobre si mesmos. E é por isso que vemos tantas pessoas talentosas que se consideram incapazes de conseguir desenvolver algo, de assumir uma posição na vida, de fazer uma faculdade, enfim de perseguir os próprios sonhos.
Essa limitação se evidencia nas diversas esferas da vida, na autoimagem; influenciando a autoconfiança e comprometendo a capacidade do sujeito de ser autêntico. Quantas vezes não abrimos a boca de forma impensada e, sem perceber, estamos ferindo a alma de alguém? Podemos até tentar reparar, pedir perdão, porém, já diz a sabedoria popular, que a palavra falada é como uma flecha lançada. Não tem volta. Pode até arrancar a flecha, mas o estrago já foi feito.
Assim são as palavras destrutivas, podemos pedir perdão, mas não temos um botão capaz de apagar a memória de quem ouviu. Já dizia Lacan, psicanalista francês: “Você pode saber o que disse, nunca o que o outro escutou”. Cada pessoa interpreta o que o outro lhe traz de acordo com suas experiências anteriores.
É por isso que uma mesma frase pode magoar um e não significar nada para o outro. O que atribui o significado é aquilo que já foi vivenciado. Entretanto, para uma criança que não possui experiências anteriores, talvez, o potencial ofensivo seja mais letal, pois, como não compreende o significado, a ferida que abre pode moldar a sua visão de si mesma e do mundo onde vive.
O trauma se constitui naquilo que não se nomina. Portanto cabe a cada um de nós atentar para a responsabilidade ao falar com o cônjuge, com os filhos, com quem quer que seja. Nunca sabemos como o outro está recebendo aquilo que estamos falando. Pense nisso!
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.