As crônicas e contos nos levam para cenários históricos. Em um piscar, podemos estar na praça XV ou no Campo de Santana, redutos imperiais na então capital do Brasil.
Em um outro piscar, podemos estar na Avenida Rio Branco ou na rua do Ouvidor, redutos da Belle Époque do Rio de Janeiro.
O leitor não é mais um ao lado de Lima Barreto. E o dia 13 de maio de 1888 não passou desapercebido na trajetória – e obra - dele.
Negro, no dia da assinatura da Lei Áurea, ele completava 7 anos.
Aproveitando a circunstância histórica, o pai levou o menino para assistir o evento que pararia o Paço Imperial.
Depois de séculos de escravidão, ostentando a terrível marca de ser um dos últimos países do mundo a acabar com a exploração comercial de humanos, Princesa Isabel, filha do Imperador Dom Pedro II, assinaria o documento que botava um ponto final.
Lima Barreto se tornou um dos grandes nomes da nossa literatura e um grande defensor dos direitos iguais entre negros e brancos. O olhar afiado dele para as diferenças sociais chama atenção.
“Lima Barreto era irreverente. Ele foi punido com o silêncio dos intelectuais da época por não se calar às injustiças que assistia. Desejava que eles fossem mais ativos socialmente. Considerava a sociedade hipócrita e não teve medo de enfrentá-la”, revela a guia de turismo Juliana Fiúza, pesquisadora da obra e dos passos do escritor.
A guia de turismo Juliana Fiúza, do canal e página no Facebook “Papo de Guia”, promove uma caminhada mostrando o Rio de Janeiro de Lima Barreto. A relação dele com dogmas e desafios culturais de sua época também são pautas.
“Lima Barreto conheceu as obras da Biblioteca Nacional e criticava o prédio construído. Ele acreditava que os prédios suntuosos não eram para a população pobre, e questionava se mulheres que não possuíam joias poderiam subir as escadarias do Theatro e da Biblioteca. Na mesma área, em 1911, ele fez um levantamento do feminicídio na cidade, quando esse nome ainda nem existia, e conta um caso de uma mulher que levou um tiro do ex companheiro no Largo da Ajuda, onde hoje é a Cinelândia. Lima Barreto faz um apelo aos homens que deixem as mulheres amarem em paz”, revela Juliana.
Além de Lima Barreto, há também passeios mostrando o Rio de Machado de Assis e de José de Alencar.
Todas as informações você encontra clicando aqui.
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Quer saber mais do Lima Barreto?
A coluna indica duas biografias:
1. “Lima Barreto, triste visionário”, de Lilia Moritz Schwarcz, pela editora Companhia das Letras. A professora contextualiza o final do século XIX e começo do século XX, trazendo o escritor para dentro dos acontecimentos marcantes desse período.
2. “A vida de Lima Barreto”, de Francisco de Assis Barbosa, pela editora José Olympio. É um grande passeio pelos fatos importantes vividos pelo biografado.
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Quer ler Lima Barreto?
A coluna indica o romance “Clara dos Anjos”.
É uma pedrada em assuntos até hoje debatidos. Exemplos? Papel das mulheres na sociedade e preconceito racial.
Thaty Leitte, neta da escritora Gabriela Leite, e criadora do canal “Vá ler um livro”, fez um bom apanhado dessa obra. Clique aqui pra ver.
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