O macaquinho esperto, que amava jogar fezes nos visitantes, recebeu votação recorde na eleição para prefeito do Rio em 1988
Por Thiago Gomide
“Tião, Tião, o candidato do povão” era o slogan.
Macaco Tião balançou a eleição de 1988 para prefeitura do Rio de Janeiro, a primeira depois da nova constituição aprovada.
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Nasceu como candidatura piada da turma da revista Casseta Popular, que no futuro se juntaria a uma outra galera para formarem o Casseta e Planeta.
A piada em pouco tempo ganhou as ruas. Macaco Tião prefeito? "Uhmmm, por que não?", vários se questionavam.
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Em qualquer esquina do Rio ou até mesmo de fora, em São Paulo, por exemplo, era raro não encontrar um que não falasse do macaco, que não risse, que não tirasse onda, que não pensasse em copiar o deboche.
Só para você ter noção a que ponto chegou essa brincadeira: Tião teve direito até a campanha de lançamento, com show no Circo Voador, camiseta, broche, santinho com a foto dele...
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Até 1996, você votava em cédulas de papel. Ou seja, você precisava marcar o nome do candidato ou, no caso de um voto de protesto, escrever o nome daquele que você mais confiava.
Resultado: 400 mil pessoas, demonstrando uma enorme insatisfação política, um deboche com tudo e com todos, escreveram Tião nas cédulas.
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Eu conheço muita gente que votou no bicho. E você, conhece alguém? Votou? Votaria? Faria campanha?
Tião ficou na frente do Roberto Jefferson, que integraria a futura tropa de choque do presidente Fernando Collor. Tião recebeu a terceira maior votação, só perdendo para os dois candidatos que foram ao segundo turno.
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Tião abocanhou, pasme, mais de 12% dos votos válidos.
Se fosse modesto e tentasse vereador, seria o mais votado disparado.
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E hoje em dia?
Com esse número, ele ficaria na frente para deputado federal, na última eleição, do Marcelo Freixo, do Hélio Bolsonaro, do Alexandre Frota, do pastor Marcos Feliciano...
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Tião entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes, como o chimpanzé mais votado no planeta.
O Marcello Alencar, do PSDB, ganhou a corrida para prefeitura em 1988. O segundo lugar foi Jorge Bittar, do PT.
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Em 1990, ainda sentindo a alegria da vitória, Marcello Alencar foi dar aquele abraço apertado no macaquinho. Péssima ideia. Tião só faltou jogar a mãe no prefeito.
O muso do voto de protesto morreu em 1996, o município entrou em luto por três dias e hoje tem um busto dele no Zoológico do Rio (foto).
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Bichos bem votados
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Em São Paulo, um rinoceronte amado pela criançada arrebatou corações e votos. Conheça a história do Cacareco. Fiz um vídeo sobre esse fato, que ainda envolveu uma briga política entre cariocas e paulistas.