O futebol brasileiro estava em alta. Tínhamos vencido as copas de 1958 e 1962.
Começava, dessa forma, a se estruturar a ideia mundial que éramos o país da bola. Pensou em gramado, pensou em Brasil.
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Querendo ver os craques brasileiros de perto, entender a nossa magia, convites dos mais diferentes países chegaram, em especial, aos grandes clubes nacionais.
Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e, óbvio, o Santos de Pelé fizeram excursões rentáveis pela Europa. O dinheiro pingava pra todos e não tinha quem ficasse descontente.
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Vendo que a grana era farta e que o Madureira podia não ter Pepe, Pelé e companhia, mas que não fazia feio, o empresário Zé da Gama resolveu negociar partidas com países que não estavam sendo contemplados pelos famosos.
O rapaz era bom de jogo: conseguiu acertar uma ida pra Cuba, que tinha vivido a pouco a revolução Cubana. Era o início da perpétua administração de Fidel Castro.
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Antes de saírem do Brasil, os jogadores tiveram que jurar que não eram e que nem seria comunistas.
Foram cinco jogos e cinco vitórias acachapantes. A última contra a seleção de Havana. O ministro Che Guevara, apaixonado por futebol, até esteve presente.
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De Cuba, eles passariam por México, Estados Unidos...e parariam na China comunista, logo no período em que os militares tomavam o poder no Brasil.
Todos sabiam que não poderia estar na China. Era proibido.
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Mas a grana motivou, a coragem abriu caminho e a velha e boa ideia que nada vai dar errado fez acontecer.
O problema é que a velha e boa ideia, mítica do brasileiro, não funcionou.
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Houve perseguição a um grupo de chineses no Brasil, acusados de implementação do comunismo em nosso país. Teriam ligação direta ao então presidente João Goulart, o Jango.
Foram presos e torturados.
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Na China, os jogadores do Madureira, também por consequência desse fato, foram detidos.
Assim que os jornais souberam que os bravos suburbanos estavam do outro lado do planeta.
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E aí, como resolver esse impasse?
Alguns fatores foram importantes para o fim do problema diplomático. Destaco dois: o brilhante advogado Sobral Pinto conseguiu provar que os chineses tinham autorização do Itamaraty e que não estavam aqui para nenhum plano comunista, e a diplomacia apaziguou o clima, contribuindo para a volta tanto dos detidos no Brasil como na China.
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Fiz um vídeo contando todos os detalhes dessa epopeia. Clique aqui.
Recentemente, o Madureira fez camisas comemorativas a essas duas aventuras. Na foto, mostro a do encontro com Che Guevara em Cuba.
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Ambas venderam tudo rapidinho.
