Se o Fluminense ganhasse, iria para a semifinal. Se o Botafogo fosse vitorioso, além de afastar a pequena chance de rebaixamento, tirava o rival do páreo.
O tricolor tinha mando de campo naquele “clássico vovô”. O Maracanã estava impossibilitado. São Januário não foi liberado.
A diretoria do Fluminense pediu então para a CBF e para a Confederação de futebol do Rio de Janeiro a chance da partida ser disputada nas Laranjeiras.
O improvável aconteceu: aceitaram a sandice, mesmo sabendo de todos os riscos inerentes.
Não havia estrutura nenhuma. Isso ficou evidente logo na venda dos ingressos. Filas quilométricas se formaram ao redor do estádio. Empurra-empurra.
Não demorou meia hora pra tudo ser vendido. Cambistas fizeram a festa.
Esse ritmo foi aprimorado no dia do confronto. Dificuldade para entrar nas Laranjeiras representou apenas uma parte pelo todo.
As torcidas se provocaram desde o apito inicial. O árbitro era José Roberto Wright.
De provocações até a quebra do frágil alambrado demorou um pouquinho. No fim do primeiro tempo, a divisória que separava a torcida, em especial do Botafogo, ao campo estava no chão.
Policiais e seus inseparáveis pastores alemães tentavam botar ordem. Em vão.
A batalha, que já estava formada desde a liberação do estádio, ganhou mais vida com as invasões de campo e o quebra pau generalizado.
Wright resolveu interromper o jogo. Não teríamos segundo tempo. Na súmula, o juíz escreveu que a torcida do Botafogo tinha começado tudo.
A história foi parar no Tribunal especial da CBF, que não teve dúvidas em dar a vitória de 1 a 0 para o Fluminense.
Desta forma, o clube ficou na frente do Corinthians e foi enfrentar o Bragantino pelas semifinais.
Com apenas o empate, o Fluminense terminaria em quinto.
Maracanã lotado. Mais de 70 mil torcedores para o duelo com o time de Bragança Paulista.
O Bragantino, do técnico tricolor Carlos Alberto Parreira, contava até com o volante Mauro Silva, tetra campeão em 1994 pela Seleção Brasileira.
Bobô e Ézio, dupla ofensiva tricolor, não funcionou e o jogo acabou 1 a 0 para os visitantes.
A partida de volta, segundo o regulamento da época, não valeria de nada.
O São Paulo, do tricolor Telê Santana, levantaria a taça.