A mãe do baiano Luiz Gama era negra livre, quitandeira e, segundo o próprio Gama, ela participou de inúmeras rebeliões contra a escravidão, contra a monarquia.
Revolta dos Malês e Sabinada são duas delas. Ambas na Bahia. Por causa dessas participações, Luiza Mahin teve que se mandar para o Rio de Janeiro e deixou o menino aos cuidados do pai, um branco, português e rico.
O pai, que era metido em jogos, perdeu uma grana pesada e deu o filho como forma de pagamento.
Aos 10 anos, Luiz Gama foi entregue à um contrabandista, negociante de pessoas escravizadas.
Gama foi para o Rio de Janeiro, foi para São Paulo e acabou não sendo revendido.
Os baianos, considerados arruaceiros, não eram bem vistos.
Antônio Pereira Cardoso teve que ficar com o garoto, que se virou nos trinta: foi copeiro, sapateiro, aprendeu a costurar...
A vida do Luiz Gama mudou mesmo quando ele aprendeu a ler e a escrever. Um estudante o ajudou nos passos iniciais e depois ele foi que foi.
Com domínio das letras, aos 18 anos, conseguiu reunir provas que mostravam que ele era escravo livre.
Fugiu de seu algoz para ajudar homens e mulheres escravizadas. Com a lei, com a palavra, com pena.
Luiz Gama nunca pisou oficialmente em uma universidade. Até tentou, mas foi impedido por ser negro, na hoje Universidade de São Paulo, a USP. Frequentou algumas aulas como ouvinte.
Mesmo sem ter os conhecimentos acadêmicos, Gama dominava o ofício. Mais de 500 homens e mulheres escravizadas conseguiram liberdade por causa da atuação dele.
Gama oferecia gratuitamente esse serviço. Colocava anúncio no jornal para o procurarem.
Em 1880, Luiz Gama entrou em uma de suas grandes polêmicas: ele defendeu publicamente um grupo de homens escravizados que mataram o fazendeiro Valério José do Vale.
A liberdade e a legítima defesa eram os argumentos principais.
Ganhou.
Como jornalista, escreveu e participou da fundação de diversos jornais. Sempre com uma pegada social, lutando por direitos iguais, contra a escravidão.
Em 1869, por exemplo, ao lado de Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano.
O livro de poemas “Primeiras Trovas Burlescas” é considerado um clássico.
Luiz Gama morreu 6 anos antes da assinatura da Lei Áurea.