TV Escola tem program A Hora do Enem - Rafael Lima/Divulgação
TV Escola tem program A Hora do EnemRafael Lima/Divulgação
Por Thiago Gomide
Não é de hoje que se desenha o fim ou o esfacelamento da TV Escola.
No final do governo Michel Temer, por exemplo, a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, que gere a emissora, sofreu com atrasos de recursos.
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Fontes indicam que o caixa da pioneira TV Ines foi importante, inclusive, para ajudar no equilíbrio de contas e para continuar uma navegação com qualidade.
Sem muito esforço, percebe-se a importância do projeto TV Escola, que vai muito além de uma produtora ou transmissora de conteúdos audiovisuais.
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As discussões propostas, por exemplo, pelo “Salto para o Futuro”, “A Hora do Enem” e a revista semanal de educação “Rede Escola” nutrem toda uma comunidade escolar com informações necessárias para os múltiplos desenvolvimentos.
Escolas espalhadas pelo país trabalham com os conteúdos da TV Escola. Escolas nos mais diferentes cantos do país são mostradas pelas lentes da TV Escola. Boas práticas escolares são defendidas pela TV Escola. O mundo da educação se conhece e se reconhece na TV Escola.
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Há dois anos, a sensação do Rio2C, famosa feira de negócios do universo audiovisual, foi a TV Escola com um projeto de realidade virtual. Munidos de óculos apropriados e um celular popular, visitantes entravam em uma viagem pela história do Brasil através de pontos turísticos do Rio de Janeiro.
Comum, né? Não para estudantes que estão no interior de Pernambuco ou em comunidades carentes do Rio Grande do Sul. A mesma experiência do Rio2C foi vivida por escolas dos quatro cantos de um país que acaba de amargar uma estagnação no PISA.
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Hoje, nas redes sociais, surgiram duas questões: o dinheiro destinado do MEC é muito e as práticas desenvolvidas pela associação Roquette Pinto na TV Escola poderiam ser facilmente substituídas.
Atualmente, cerca de 0,1% do orçamento do Ministério da Educação é destinado para a gestão da TV Escola. Se melhor aproveitada pelo próprio MEC, contando com os estudos sobre novas metodologias de ensino, desenvolvimento de tecnologias para a sala de aula, valorização de experiências (...) esse valor logo se mostrará pequeno.
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A TV Escola nasceu em 1995. A equipe formada por pedagogos, jornalistas, designers, professores e técnicos foi se aprimorando com o tempo, transformando em um espaço qualificado para entender, debater e apontar caminhos relevantes e viáveis para a educação de um país com sérios problemas de aprendizagem.
Acreditar que isso pode ser substituído da noite para o dia só porque há outros profissionais com títulos similares é rasgar todas, absolutamente todas, as conquistas e perdas de quase 25 anos de trajetória - 20 anos no ar.
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Em um momento onde a discussão sobre indicadores educacionais ganha cores em diversos setores da sociedade, nada melhor que equipes especializadas no tema e com lastros históricos para contribuírem com intrínsecas visões.
Visões. Plural.
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Pena tratar a educação dessa forma. 
Mais um dia triste para os educadores. 
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Há gente sorrindo com isso. 
Pena tratar a educação dessa forma. 
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TV Brasil
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Gestores da TV Brasil já estão atentos.
É muito provável que seja cobrado de lá uma saída para o vazio da TV Escola – e para apagar possíveis fogueiras.
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Quem é quem?
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Logo no começo do governo Bolsonaro, muito se questionava sobre as funções da TV Brasil e da TV Escola.
Ricardo Vélez era o ministro.
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Lembro de um forte assessor do ministério da Economia, em jantar no Vitória, no Jockey, comentando que as duas emissoras eram a mesma coisa – com diferença orçamentária, claro.
A TV Brasil custa mais de meio bilhão por ano. A TV Escola, em 2017, quase 80 milhões.
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Ficou a nítida sensação que se a tônica era aquela...
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Surpresas e esperança
Os funcionários, como se previa, foram pegos de surpresa – apesar do MEC ter entrado, em outubro, com um pedido para liberação da sala da TV Escola no prédio em Brasília.
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A esperança de vários ouvidos por esse colunista é que nada mais comum que o ministro da Educação Abraham Weintraub esteja jogando para o alto a fim de entender o tamanho da repercussão.
Se for muito ruim, volta-se dois passos.
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E segue como se nada tivesse sido falado. Diminui um contrato aqui e vai em frente.
Com Weintraub no poder, acredito ser pouco provável.
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Diferentes fontes ouvidas no MEC endossam o prognóstico. 
Infelizmente.
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O que tem a ver com Rio de Janeiro?
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A Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, a ACERP, está em um dos prédios mais emblemático para a história das editoras do Brasil.
Ali, no prédio da Marques de Olinda número 12, funcionou a José Olympio.
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Naquele espaço circularam Drummond e companhia.