Carnaval era na Santo Amaro - Reprodução Google Maps
Carnaval era na Santo AmaroReprodução Google Maps
Por Thiago Gomide
Pense em uma casa de shows polêmica. Muito polêmica. Polêmica até não poder mais.
Ok, foi polêmica, mas foi importante para o Carnaval carioca.
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Convenceu?
O dono foi uma das maiores figuras da história do Brasil. E da Itália.
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Vou falar de Paschoal Segreto nesse primeiro instante.
O italiano Paschoal Segreto chegou, sem grana, no Brasil em 1883. E o tempo só fez bem a esse empreendedor: ele foi importante para o desenvolvimento do cinema e do teatro no Brasil. Além, é claro, das casas de entretenimento adulto.
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Na praça Tiradentes, Paschoal Segreto, no começo do século XX, era considerado um dos principais responsáveis pelo teatro mais ligeiro, feito para um público mais popular, com menos poder aquisitivo.
O ator Procópio Ferreira chamava Segreto de o papa do teatro brasileiro. O centenário Carlos Gomes foi um dos teatros administrados pelo italiano.
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Em 1903, Segreto foi dono do teatro Maison Moderne, na região da praça Tiradentes, que unia roda gigante, galeria de tira ao alvo, montanha russa, mesas pra tomar cerveja e até teatro, com shows dançantes.
E no cinema, por qual motivo ele foi importante?
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A rua do Ouvidor era hiper badalada no final do século XIX e começo do século XX. Lá, em 1897, Segreto investiu na primeira casa de projeções cinematográficas do Brasil, abrindo as portas para o cinema no nosso país.
“Vamos parar de ladainha e vamos para a diversão, meu bom rapaz”, diria meu avô.
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Os shows na High Life eram bem diferentes. Você dava pinta e podia beber uma cerveja vendo um famoso can-can, dança francesa.
Mas, dependendo da situação, você podia ir e ter um show completamente distinto do dia anterior.
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Como assim?
Pensando em ganhar mais grana e sempre cativar mais público, Segreto fez o seguinte: chegava um navio lotado de marujos americanos e tinha um show em homenagem aos Estados Unidos.
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Cada ida uma emoção. A turma amava. Qual será a novidade de hoje? Vida sem roteiro na veia.
Mas nem só de glórias viveu a High Life, que ficava na rua Santa Amaro, 12. Em 1908, a polícia fechou a casa.
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As denúncias eram que na High Life o que não faltava eram jogos de azar e prostituição.
Apesar de toda influência política, Segreto não conseguiu impedir o fechamento.
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A High Life só voltaria a abrir as portas em 1919 e aí acontece um fato, no mínimo, insólito: Segreto queria porque queria mostrar que a casa era feita para a família brasileira, por isso fez um jantar sensacional.
Problema: abusou do alto som.
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A orquestra estava inspirada. Acabou incomodando o cardeal do Rio de Janeiro, que morava logo atrás.
Reclamação na certa. Mais uma vez queriam fechar.
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Com a maior coragem, Segreto foi ao encontro do cardeal. No bolso um cartão com entrada ilimitada.
Não é que o cardeal amou?
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Meu Deus!
Segreto morreu em 1920, mas a High Life continuou.
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Os bailes de Carnaval fizeram muita fama.
Nas décadas de 1940 e 1950 não tinha um que não conhecesse ou tivesse ouvido falar do espaço.
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Com a decadência, o prédio foi alugado para o Serviço Social Rural em 1957.
Triste fim.
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Nada contra o Serviço Social Rural, vale ressaltar.