Cultura: descoloração dos cabelos é assunto de Museu sim  - d
Cultura: descoloração dos cabelos é assunto de Museu sim d
Por Thiago Gomide
Um viral pipocou no meu zap há alguns dias. O vídeo mostrava um rapaz pintando de preto os cabelos de um jovem que esbanjava um modelito à lá cantor Belo anos 90.

O “Meia-Hora”, no dia 03 de janeiro desse ano, explicou o que não dava para entender de primeira: 
“Segundo relatos, milicianos que atuam na região teriam proibido os jovens de pintarem o cabelo de loiro. Em seu perfil pessoal, o jovem que aparece nas imagens contou detalhes do ocorrido. De acordo com ele, jovens que pintam o cabelo para as festas de fim de ano têm até o dia 2 de janeiro para voltar ao normal”, escreveu o repórter Renan Schuindt.

Evidente que o fato despertou atenção.

Já repórter, no começo da década de 2000, lembro de ver crianças e jovens, em diferentes comunidades do Rio de Janeiro, pintando a cabeleira aos montes. No quintal e nas vielas. Nos salões improvisados. Febre total. 

A reportagem de Schuindt apresenta um dos motivos possíveis para a imposição: “A justificativa, segundo depoimentos na internet, é que o ato, comum nas favelas cariocas, seria ‘coisa de bandido’”.

Não há registros confiáveis, mas é bem provável que alguém testou água oxigenada no couro cabeludo logo após a descoberta de Louis Jacques Thénard, em 1818.

Confirmado, uma coisa: quase dois séculos depois, o sucesso nas favelas ganhou os palcos e os campos de futebol. Neymar é um que adotou recentemente a estética. Supla idem. Caio Castro idem. Gagliasso idem. Débora Secco idem. Gabi "Gol" idem. Até Justin Biber não se aguentou.

Virou símbolo de rebeldia. Liberdade, alguns defendem.

Nessa terça-feira, de 12h às 16h, o Museu de Arte do Rio vai abrir os portões para quem está afim de fazer parte do clube. Cabeleireiros estarão à postos para dar outra cor aos seus cabelos. E vale para homem e mulher.

Isso é resultado da ativação “Descoloração Global”, encabeçada pelo artista plástico Maxwell Alexandre, nascido na Rocinha e que pinta o cabelo desde 2013.

A iniciativa do museu, a ação em si e o debate sobre cultura estão movimentando as redes sociais. No Facebook do MAR, o convite para a versão pré-carnaval tem mais de 2 mil compartilhamentos. 

Animou? Então leva toalha e roupa de banho, porque também vai rolar uma piscininha de plástico. Coisa fina.
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Nos vemos lá.