O aposentado José Soares lê sempre e aproveitou para comprar um livro - Raphael Bittencourt/Divulgação PMNI
O aposentado José Soares lê sempre e aproveitou para comprar um livroRaphael Bittencourt/Divulgação PMNI
Por Thiago Gomide
Demorou cinco anos para a primeira bíblia impressa sair do forno.

Durante meia década, o alemão Johannes Gutenberg trabalhou com afinco naquilo que revolucionaria o mundo.

Antes de 1455, a troca de experiências intelectuais, de saberes, de informações era restrita.

Os textos precisavam ser replicados manualmente, o que demorava e limitava. O custo era altíssimo.

A bíblia de Gutenberg, como é conhecida, abriu as portas para que gerações multiplicassem suas histórias, seus conhecimentos e os desafios travados. O preço caiu. O livro se popularizou.

Sem a invenção de Gutenberg, não evoluiríamos. Sem o livro, não chegaríamos onde estamos. O que aconteceria com as religiões, por exemplo, sem esse passo?

Com poucos livros em casa e morando em uma cidade com raras livrarias, Caetano Veloso, na música “Livros", explica em versos o impacto dele com esse objeto:

“Mas os livros que em nossa vida entraram são como a radiação de um corpo negro apontando para a expansão do universo".

Não é raro as pessoas lembrarem do primeiro livro que leram. Ou daquele que mais impactou. A radiação que Caetano descreve ricocheteia de diversas formas ao abrirmos uma obra.

A principal pesquisa sobre leitura no país é o "Retratos da Leitura", organizada pelo Instituto Pró-Livro. A última edição foi divulgada em 2019 e mostra que, entre 2011 e 2015, a estimativa de brasileiros que consomem livros passou de 50% para 56%, totalizando 104,7 milhões de pessoas.

São quase cinco livros lidos em média por pessoa.

Claro que é preciso enxergar a pesquisa com mais cuidado, outros números nos proporcionam diferentes interpretações e nos permite traçar saídas, mas o indicativo que estamos avançando é ao menos um alento. Os jovens são os mais interessados.

As redes sociais, acredite, são importantes para isso. E precisam ser muito bem usadas.

Antes ou depois de comprar uma obra, jovens (e nem tão jovens assim) vão atrás de resenhas desenvolvidas por booktubers. Querem saber quem são os autores. Querem saber a história dos autores. 

Taty Leite, do canal “Vá ler um livro", é uma das mais badaladas estrelas desse segmento. Com 170 mil seguidores, ela arrebata plateias contando como falar de livro faz sucesso e os detalhes do seu trabalho.

O livro está no centro da mesa. 

Gutenberg demorou cinco anos para imprimir a bíblia. Autores demoram décadas para desenhar um ponto final. O escritor Carlos Heitor Cony se orgulhava de conseguir escrever rapidamente um romance. Tem gente que demora dias para ler duas páginas. Tem gente que devora um colosso em horas.

O tempo é o de menos quando você está frente a frente com algo que te muda.
O livro é essa radiação constante.

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O mercado

Nos meus quatro anos de crítico literário na hoje 94,1 FM, atravessei muitas obras, tive inúmeros contatos com a comunidade do livro e percebi o quão precisamos estar juntos para avançar nesse tema.

Quanto mais falarmos, melhor.

Espaço está aberto aqui e por onde eu estiver.

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Booktuber e o Quilombo do Leblon

Fiz um vídeo comentando o livro da Luciana Sandroni “Um quilombo no Leblon". Clique aqui para ver.

O livro saiu pela editora Pallas.

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Diálogos suburbanos

Rafael Mattoso, historiador, professor e colunista da versão carioca da revista Veja, me entregou uma preciosidade.

Ele é um dos organizadores do livro “Diálogos suburbanos", que saiu pela Mórula editorial.

Quer saber mais sobre os múltiplos caminhos do subúrbio carioca? Fica a dica.

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Qual livro estou lendo?
"Cidade Porosa - Dois séculos de história cultural do Rio de Janeiro", do Bruno Carvalho. Saiu pela editora Objetiva.  
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Simbolismo
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O livro, tanto para quem lê como para quem escreve, é um símbolo de conhecimento. 
Moda entre empresas, por exemplo, é o lançamento de ebooks. É a forma que encontram de aprofundar aquilo que estão oferecendo. 
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Coluna dedicada

Fica aqui o beijo especial para a amiga Taty Leite e para a minha mãe ( rá-rá-rá), que teve que construir estantes e mais estantes por causa do filho viciado em leitura.