Em outubro, a Organização Mundial da Saúde alertou que a pandemia teve um "impacto devastador" na saúde mental em escala mundial - Reprodução/ Pixabay
Em outubro, a Organização Mundial da Saúde alertou que a pandemia teve um "impacto devastador" na saúde mental em escala mundialReprodução/ Pixabay
Por Thiago Gomide
Gabriel Bronstein é psiquiatra e supervisor do Programa de Álcool, Drogas e Outros Transtornos de Impulso da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

No meio desse caos, ele gentilmente respondeu perguntas sobre cuidados que podemos ter para enfrentar a ansiedade e a depressão nesse delicadíssimo momento.

Não custa lembrar que isso não substitui, em hipótese alguma, consultas médicas para diagnósticos e acompanhamentos. É apenas alguns caminhos que podemos percorrer para aliviar esse instante – que esperamos que seja breve.

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Coisas do Rio - Quais são os cuidados que devemos ter com as pessoas que sofrem de ansiedade e depressão especialmente em um momento delicado como esse?

Gabriel Bronstein - Na verdade, os cuidados são: não causar pânico, a situação é delicada, não podemos minimizar, senão a gente tem um prejuízo de saúde pública enorme. Importante saber que as medidas são simples e do alcance de todos: evitar sair o máximo de casa, higiene das mãos e não ter contato com multidões. Vai ter um aumento do gatilho da ansiedade por causa do confinamento em si. O ideal é tentar manter uma rotina mínima em casa. Tentar se cercar de coisas para fazer. Manter uma rotina produtiva. Meditação é uma ferramenta muito interessante para manter sobre controle. A gente não foi feito para ficar parado. O confinamento pode agravar sintomas de depressão e ansiedade. Repito: importante manter uma rotina, manter contato com o mundo de forma segura, ligar, manter contato, vamos usar a tecnologia a nosso favor.

CdR - Existem ações coletivas que podem abreviar a ansiedade e a depressão nesse momento onde não devemos ter contato físico? Ligar, fazer chat?

GB - A principal é as pessoas terem a consciência de não espalharem notícias falsas e exageradas. Nem sempre a notícia é falsa, mas às vezes pode vir com um tom desesperado. Isso não ajuda ninguém. Tem esse fenômeno das pessoas quererem aparecer de qualquer forma, gravarem áudios como se elas tivessem autoridade, como se tivessem uma informação privilegiada... Tem que evitar esse tipo de conteúdo, ter crítica a esses conteúdos. Busque informação em sites sérios, em jornais sérios. Mas sugiro que não faça essa busca toda hora. Apesar de informações corretas, ficar sendo bombardeado de informações vai causando ansiedade. Ninguém precisa saber informações de 5 em 5 minutos. Evite tom alarmista, correntes que passam áudios e mais áudios.

CdR - Existem alguns exercícios, como de respiração, por exemplo, que ajudam a diminuir a ansiedade e a depressão?

GB - Há aplicativos de meditações guiadas que são bons e ajudam imensamente. Não substitui necessariamente tratamento psicoterápico ou farmacológico, quando necessário, mas sempre é indicado também, salvo alguma exceção de saúde que a pessoa não possa fazer, mas é raríssimo.