Os economistas Pedro Malan, Armínio Fraga e Gustavo Franco são alguns daqueles que saíram da Gávea para ajeitar a inflação absurda que vivíamos. As trocas de moedas eram constantes.
O Real veio pra se estabelecer, tal qual a PUC.
Em 1940, cardeal Sebastião Leme, padre Leonel Franca, Dom Hélder Câmara e outros católicos expressivos lutavam para tirar do papel as Faculdades Católicas. Era um desejo ousado, principalmente por causa da grana.
O empresário Guilherme Guinle, dono do Porto de Santos, preocupado com a educação, foi um dos que contribuiu financeiramente para o projeto, além de ajudar no convencimento de outros ricos e influentes.
Guilherme não era católico. Defendia que o plano apresentado ajudaria o país.
Marcada pela ideia de ser uma universidade da elite carioca, a PUC tem em seus corredores cerca de 50% de bolsistas. A vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada em 2018, é um dos exemplos mais famosos.
A PUC começou em Botafogo, ao lado do Colégio Santo Inácio. Não era pra menos: os jesuítas, conhecidos por serem estudiosos, estavam a frente das duas instituições.
Só em 1955 que o campus da Gávea ficou pronto. Por aqueles famosos pilotis até o presidente americano John Kennedy passou.
Alguns anos depois a PUC seria palco de intensos debates pela democracia. A proteção aos estudantes permitia que houvesse, em pleno regime militar, com censuras e torturas, protestos e manifestações.
Lembro do meu primeiro dia de estudante de jornalismo. Entrei pelo portão da Marquês de São Vicente. Com 17 anos nas costas e os sonhos mais incríveis, e as dúvidas mais cruéis, me perdi naquele labirinto de possibilidades.
Me perdi e me encontrei frente a frente com o “Solar Grandjean de Montigny”. Impossível esquecer.
O casarão foi construído, como o nome sugere, pelo arquiteto francês Auguste Grandjean de Montigny, um dos nomes mais importantes da chamada Missão Francesa.
A vila dos diretórios reúne as também conhecidas casinhas, ou centros acadêmicos. Em frente ao de comunicação sempre reinou o Toninho, com os salgados, doces e sucos.
Para alguns, aquele espaço era a PUC raiz e o pilotis a PUC nutella.
No primeiro dia de aula, aquele que me perdi, conheci o Oswaldo. Tinha vindo de Cabo Frio com o dinheiro da primeira mensalidade. Ex-garçom e já dando expediente como jornalista na região dos Lagos, só conseguiria seguir na universidade se a tão sonhada bolsa surgisse. Caso contrário, iria voltar para casa da mãe tentar a sorte nas antigas bandas.
Oswaldo se formou jornalista, publicitário e, depois de passar pelas principais redações do Rio de Janeiro, foi para o universo mais bem sucedido da bolsa de valores.
Nesses 80 anos, Marielles, Oswaldos e Quacks cruzaram com Marinhos, Safras e Malans. Isso que faz, como defendeu Guilherme Guinle, o futuro do Brasil.
A PUC permite sonhar. Os sonhos não envelhecem.
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Na cabeça de Dom João VI, o Rio de Janeiro precisava de novos caminhos artísticos. Por causa disso, um grupo de artistas, arquitetos e pensadores franceses foram convidados e e vieram para então capital.
A missão francesa, como ficou conhecida, trouxe Grandjean, Debret, Taunay e tantos outros.
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Obrigado
Quando meu pai faleceu e a Universidade soube, fui chamado para uma conversa.