Em qual grupo você está?  - Reprodução Internet
Em qual grupo você está? Reprodução Internet
Por Thiago Gomide
Eis que o Rio de Janeiro se resumiu fragilmente a esquerda e direita.
Aviso logo de cara: se você hoje é taxado de esquerda amanhã de manhã pode ser chamado de direita. Vice-versa está valendo também, óbvio.
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Depende do interesse e olhar – e conhecimento – do interlocutor.
Gosta de Carmen Miranda, tão americanizada? Direita, claro. Mas aí ela canta “Enquanto houver Brasil na hora das comidas, eu sou do camarão ensopadinho com chuchu”. Esquerda, super esquerda. Como fui cair com tanta facilidade, meu Deus?
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Em determinadas rodas, apontar feitos de Dom Pedro II automaticamente te transforma em monarquista – “direita, por consequência”. Em alguns cantos, se você elogiar a obra do Oscar Niemeyer ou do Chico Buarque, é tratado como um clássico comunistinha – “globalista, consequentemente”. Não tente misturar tudo porque senão dá tilt em geral.
A praça São Salvador, em Laranjeiras, se tornou reduto de uma única esquerda. A Olegário Maciel, na Barra, de uma única direita. Vestir camiseta vermelha? Seleção brasileira? Você sabe, querida leitora, querido leitor.
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Aprova algumas ações do Bolsonaro? “Minion”. Reprova algumas ações? “Esquerdopata”. Tudo isso mudando rapidamente. Há quem brindou o ano novo de uma forma e hoje é o extremo oposto.
“Os fãs de hoje são os linchadores de amanhã”, escreveu Cazuza ( comunistaço, evidente), amigo do Lobão, que vive um carrossel de definições.
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Se você não escreve todxs, é direita. Debater menine é coisa de esquerda. Ir contra? É direita. Falou camarada? Esquerdinha. Falou “whey protein”? Direita. Falou afro-brasileiro? Só pode ser de esquerda. Falou sobre conspiração? Só pode ser de direita, meu brother.
Trump é de direita. Biden de esquerda. Caso se confirme a vitória, Biden comemoraria com uma garrafinha ( esquerda não bebe em lata, por favor) de Bud sentado na mureta da Urca. Ou melhor, na famosa “Pobreta”. Na parte abonada é coisa de direita e não se fala mais nisso.
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Na escola, lá pertinho da alfabetização, a estudante aprende a trabalhar com grupo A, grupo B e interseção. Periga a interseção ser cunhada de “isentona” e ser recriminada. Se chorar pela exclusão, é mimimi. E quando há dez grupos envolvidos? “Esquece, só existe direita e esquerda”, podem me alertar.
E assim vamos reduzindo tudo ao pó. Pronto, já sei que vão me chamar de buscar símbolos pobres, portanto um legítimo...esquerdista caviar.

Depois dessa, só me resta dar bye, bye ( usando inglês? coisa de direita), au revoir ( usando francês? coisa de esquerda), Zàijiàn ( usando chinês? Ha-ha-ha) ou tchau ( se for só tchau, neutro. Se for “tchau, querida”, aí é lulopetista).