Cineasta Cadu Barcellos é morto no Centro do Rio - Reprodução / Instagram
Cineasta Cadu Barcellos é morto no Centro do RioReprodução / Instagram
Por Thiago Gomide
Certa vez, um jovem cineasta entra nos corredores da rádio Roquette Pinto. Cabelo raspado, camisa dois números maior, alto, suava um bocado e usava boné levemente largo.
Os passos eram firmes. Apreensivos. Assustados, diria.
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— Meu irmão, onde tem um banheiro? Tô apertadão!, disse Cadu Barcellos, um dos diretores de "5 x Favela, agora por nós mesmos".
Nem um "olá". Nem um "obrigado pelo convite". Nem um "como vai a força?". O aperto fazia quebrar os protocolos e ir direto ao assunto. A vida é assim, ainda mais para alguém que correu tanto pra chegar. Pegando carona em uma reportagem da Sônia Bridi, que viralizou esse fim de semana nas redes, Cadu Barcellos não teve escada rolante para entrar naqueles corredores de um veículo de imprensa.
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Pilotando a produtora "Palafita", ele era o convidado do programa EMBRANCO para falar sobre um Rio de Janeiro desigual nos acessos à cultura e também refletir sobre a produção de conteúdo nas favelas.
Escute um pouco do programa do dia 09.05.2012. Cadu também conta sua trajetória até então.
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A bancada, que ainda tinha Saulo Machado, Paulo Gontijo e Oswaldo Coelho, se empolgou com aquele articulado jovem que encarou um busão e andou quilômetros do complexo de favelas da Maré ao histórico prédio ao lado da Igreja de São José.
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Como é possível ouvir, tínhamos a participação do público pelo telefone. Não parou de tocar.
No tradicional café pós programa (que saudade!), lembro de Saulinho comentar da velocidade de raciocínio e da boa conversa. Saulo que havia convidado e escolhido a pauta. 
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Alguns anos depois, recebo um telefonema de um querido amigo em comum.
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— Gomide, Cadu desapareceu. Acho que foi sequestrado.
O celular só dava postal.
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Amigos de diversos veículos começaram uma verdadeira caçada. Onde estaria? Liguei para Deus e o mundo tentando confirmar essa notícia.
Dois ou três dias depois, Cadu aparece tranquilão. Encantou-se por uma donzela e, corretamente, desligou ...o mundo. A vida é melhor assim. 
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Acordei com a notícia de sua morte. Brutal morte. Em um lugar nada distante da rádio Roquette Pinto. Daqueles corredores.
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O Rio de Janeiro perde uma grande pessoa. Inventiva, provocadora, atenta, agregadora. O Cinema perde um dos mais jovens talentos.
Que se investigue e encontre os culpados logo. É o mínimo.
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