Montagem do personagem de terror Jason no Rio de Janeiro - Reprodução Internet
Montagem do personagem de terror Jason no Rio de JaneiroReprodução Internet
Por Thiago Gomide
Toda sexta-feira 13 é a mesma coisa: um bando de gente temendo as consequências da data. Os filmes sempre trabalharam essa crença.

Parem e pensem, por favor.

Se o Jason, com sua famosa máscara, e o Freddy Krueger, com sua luva assassina, pintassem por aqui era capaz de serem assaltados de cara. Só para começar a conversa. Pra dar aquele sossega leão.

Reclamou? Teria taxa extra de proteção, com direito a gato net, botijão de gás e aluguel de moradias da “Minha casa, minha vida”.

Rapidinho Jason cogitaria a volta para o lago e Freddy a busca pela recauchutada, com direito a manicure, limpeza facial e mocotó com rabada em Madureira.

Há muitas explicações para sexta-feira 13 dar azar. Tem quem defenda que surgiu na Noruega, outros dizem do rei da França e ainda quem bata o pé que foi no tempo de Jesus. Acredito que só pode ter nascido na Praça da Bandeira.

Sexta-feira, o cidadão com aquela vontade de tomar um gelo com a patroa, ônibus passando e não parando, começa a chover, começa a encher, tenta encontrar um refúgio e não encontra, o sapato já tá molhado, vendedor de guarda-chuva brotando mas com preço inacessível, a baia da calça jeans já foi pro brejo, passa um táxi e joga parte da poça de água suja na camisa...só sobrou olhar a hora, o dia e sentenciar que aquela sexta-feira dava um azar danado.

Andei lendo que uma das melhores saídas para quebrar a negatividade desse dia complicado é colocar um espelho na porta de casa ou até mesmo na mesa do trabalho. Não modernizaram isso para a época de selfie, não? Fica a dica.

Vivendo em uma eterna gincana do Faustão, aonde você vai se esforçando para não cair enquanto um grupo joga uma sequência interminável de bolas, ficou comum acreditarmos que as mais birutas situações compõem nosso cotidiano.

Em plena pandemia, há festas se multiplicando em praças e ruas. Não é dar uma saidinha, não é encontro com responsabilidade no distanciamento, não é espairecer dessa tortura, é pancadão, com mala aberta de carro e tudo.

Nas redes sociais ainda há quem reclame sobre a proibição dos bloquinhos em 2021. Daqui a pouco vai surgir alguém criticando a luta dos profissionais da saúde para salvar doentes. “Morreu? Antes ela do que eu!”, podem argumentar, emendando no risinho.

Jason? Freddy Krueger? Jig Saw? Annabelle? Por aqui, essa moçada parece mais Gasparzinhos e olhe lá.

Há pessoas que juram que fantasmas se esgoelam reclamando do atraso dos trens na Central do Brasil. Você imagina o que a geração do BRT vai dizer? Há pessoas que defendem que um Opala Preto atravessa os túneis na madrugada. Quem cruzar, pode cantar pra subir. Com o preço da gasolina em todo o Estado, uma das mais caras do Brasil, sugiro colocar kit-gás no Opalão. Há ainda quem aponte o Campo de Santana como um lugar misterioso, onde espíritos empunhando espadas se enfrentam até...ninguém sabe bem explicar. Espada? Espada? Atualmente fuzis são apreendidos como se fossem jujubas.

Sexta-feira 13 pra gente é carne de gato com farofa, podrão com tudo dentro, é beber a água da Cedae e ainda bochechar, é, enquanto os outros matam um leão por dia, enfrentarmos um time de Tiranossauros.

Quer saber? Que a gente tenha um sábado 14 melhor. Merecemos.