Botafogo X Corinthians pelo Campeonato Brasileiro, rodada 27. - Daniel Castelo Branco
Botafogo X Corinthians pelo Campeonato Brasileiro, rodada 27.Daniel Castelo Branco
Por Thiago Gomide
O clube Botafogo nasceu de uma troca de papelzinho em sala de aula.
Em 1904, o estudante Flávio Ramos, enfadado com a sonolenta aula de álgebra do professor general Júlio Noronha, resolveu mandar um bilhetinho para o colega Emannuel Sodré.

Era um convite para montar um time no Largo dos Leões. Um time que rivalizasse com o de amigos, criado na Martins Ferreira.

Os dois e mais uma galera deram o nome de Eletro Club.
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Dona Chiquitota, avó de Flávio, achou aquele nome uma droga. Ela que sugeriu Botafogo, em homenagem ao bairro.

Pois bem, essa moçada e muitas outras que viriam peregrinaram por lugares defendendo as cores do nobre Botafogo.

No primeiro amistoso, em 1904, o resultado foi negativo. Na Tijuca, contra o saudoso Football and Athletic Club ( nomes em inglês eram uma realidade), os meninos botafoguenses não viram a cor da bola e tomaram de 3 a 0.

A primeira vitória veio em 1905. O primeiro campeonato carioca conquistado foi em 1910, com uma campanha de dar gosto. Goleadas atrás de goleadas.

O hino do clube ressalta isso na estrofe inicial: “ Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910”. Letra do gênio torcedor do América Lamartine Babo.

Sabe-se que o clube levantou taças antes disso, em 1906, por exemplo. Não dá para corrigir o hino, né? Ou dá?

A partir da década de 1930, viu-se crescer uma máquina. De 1932 a 1935, conquistou o tetracampeonato carioca. Não deixava os adversários respirarem.

Em Petrópolis, onde nasci e passei quase todos os fins de semana até os 16 anos, havia um bar chamado Itararé ( saudade!). Ficava em frente à antiga rodoviária, no centro da cidade. Ao lado do balcão, fotos do Garrincha comendo a famosa coxinha. Histórias não faltam de quando ele saia de lá direto para o Maracanã.

Ainda na Serra, garoto, recordo do temor de enfrentar o Botafogo de Túlio, Donizete, Gonçalves e etc. Para esse tricolor, 1995 foi mágico – apesar daquele Peixe engasgado na garganta. Para esse tricolor, havia uma única chance de sagrar-se campeão: não encontrando o time de General Severiano.

Na escola, grandes amigos eram (e são) botafoguenses. Na família, meu bisavô Fernando até guardava a bola assinada com a assinatura dos ídolos de 1968. Sei lá onde foi parar essa relíquia. Meu sogro também Fernando era botafoguense, daqueles de escutar no radinho, acreditar em supertição e fazer com que a filha seguisse o mesmo trajeto. Quando criança, desenhava o escudo do Fogão para minha tia Eliane, irmã de mamãe.

“Botafogo não é moda, é tradição”. Essa frase rolou nas redes sociais após a nova queda do alvinegro, lembrando também que, em toda a história da Seleção Brasileira, o clube foi quem mais cedeu jogadores ao escrete canarinho.

O Botafogo é enorme, bem diferente de uma horda de jogadores e diretores sem vontade de vencer. Sem entender o tamanho e responsabilidade em vestir o manto que Zagallo, Nilton Santos, Bebeto e tantos outros defenderam.

Ao passar pela Cobal do Humaitá, lembro que ali foi um dos primeiros caldeirões alvinegros. Ao passar pela sede, vejo o muro com diferentes ídolos. Ao passar pelo Maraca, recordo de assistir ao Vagner fechar o gol.

No dia que foi sacramentada a queda do Botafogo, recebi em minha sala o novo estagiário da rádio Roquette-Pinto. 18 anos nas costas. Tímido, mal dava para escutar a voz do rapaz, que acabou de ingressar na ESPM. O cenário só mudou radicalmente quando perguntei o time de futebol. “Sou Botafogo de Futebol e Regatas e cubro o vôlei do clube no twitter”, disse Pedro Albuquerque, olhar fixo e queixo levantado.

É de mais Pedros que precisamos.

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Coluna dedicada

Essa coluna é dedicada ao Pablo de Moura, Marcelo Queiroz, Jorge Melo, Durcésio Melo, Guilherme Reis, Thiago Sampaio, Diogo Esteves, Eliane Simão, Fernanda Arouca e tantos outros botafoguenses que fazem parte da minha vida.
E como puder esquecer de Saulo Machado?

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Elogios à coluna

Dia desses, conheci o advogado Victor Travancas, que me disse adorar “Coisas do Rio”.

Bons de conversa, prometemos pautas em comum.

Seja sempre bem-vindo.

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Flamenguista fazendo bonito

Quando disse que estava escrevendo sobre o Botafogo, o flamenguista Raphael Heitz, analista de requisitos do Proderj, comentou que era hora de apoiarmos.

Nada menos de um profissional que está voando no órgão que é o Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do Estado do Rio.

Na equipe, uma turma boa formada pela designer Isadora Hertz, o gerente e analista de sistemas Bernardo Pas; Cristiane Fróes, Lenize Vasconcelos, Carla Pereira, Vitor do Amaral e Fábio do Nascimento Siqueira, todos da infraestrutura; e, claro, os estagiários Allan Barbosa, Diego Medeiros, Vinicius Andrade , Higor de Almeida, Walace de Almeida Lima e Maicon Oliveira.