Cavi Borges na biblioteca de Cinema Marialva Monteiro, nas Casas Casadas - Reprodução Internet
Cavi Borges na biblioteca de Cinema Marialva Monteiro, nas Casas CasadasReprodução Internet
Por Thiago Gomide
No Rio de Janeiro, é quase impossível ter lançado algum filme de baixo orçamento nos últimos quinze anos sem ter sido atravessado por Cavi Borges, o idealizador da locadora e produtora Cavídeo.
Foram centenas de produções, co-produções, roteiros, direções, empréstimos de equipamentos e, entre outros fatos, distribuição de obras realizadas por Cavi. Lançou inúmeros talentos. Patrocinou tantos outros quando ninguém apostava. Em sua caminhada, junta periferia e Zona Sul. É professor e incansável abridor de portas.
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Marcas registradas, a bermuda e camiseta regata destoam de parte (parte, por favor!) de um grupo de cineastas que fala bonito mas entrega pouco, que está tão distante do espírito carioca e do que isso representa para a cadeia internacional do Cinema. O Rio é, em boa parte, destino por causa do simbólico que tanto Cavi incorpora e não por causa da mistura de sapato mocassim e camisa levemente amarrotada.
Cavídeo, antes na Cobal do Humaitá e atualmente em um espaço nas Casas Casadas, em Laranjeiras, é Meca não só de quem produz, mas também de quem consome. Há DVDs raros, que não são encontrados em plataformas de streaming ou até mesmo pirateados por aí. O aluguel é gratuito, democratizando o acesso. “Quem consome DVD?”, pode estar perguntando o leitor. “O movimento cineclubista, tão essencial para a formação de plateias e que é formado por milhares de pessoas, é um”, responde esse colunista, lembrando que na Argentina e no Uruguai, só para dar exemplos de países vizinhos, os cineclubes são estimulados pelo poder público, gerando resultados incríveis.
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Defensor cotidiano do Cinema, o ex-lutador profissional de judô, que quase foi a Olimpíada, abriu uma biblioteca, no espaço das Casas Casadas, só com títulos voltados a tal sétima arte. Para mostrar o poder de articulação do rapaz, em dias foram doados mais de 1000 livros. Não destoando da tradição da Cavídeo, há títulos raros, impossíveis de serem encontrados na Amazon ou até mesmo pirateados por aí ( já leu isso, né?). O aluguel também é 0800.
Em tempos de cólera, de poucos recursos, precisamos de mais Cavis Borges e menos empreendedores de palco, de mais Cavis Borges e menos pitonisas do dinheiro alheio. Em tempos de reinvenção, é preciso que exemplos reais se multipliquem. Enquanto alguns queimam livros, outros montam Alexandrias.
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Que todos vistamos nossas regatas.