Como construir uma política externa com não democratas?
A dimensão social também faz parte da política internacional e deve ser parte da agenda prioritária dos ministérios de relações exteriores. O Itamaraty perdeu essa dimensão social nos últimos dois anos e ainda há tempo para recuperar o espaço perdido
Por Cesário Melantonio Neto
Na democracia temos de ser responsáveis pelas outras pessoas como ensinaram os antigos gregos. Uma política externa democrática deve ajudar a diminuir a desigualdade social no Brasil, pois se a República não acabar com a desigualdade, esta pode inviabilizar a República.
A dimensão social também faz parte da política internacional e deve ser parte da agenda prioritária dos ministérios de relações exteriores. O Itamaraty perdeu essa dimensão social nos últimos dois anos e ainda há tempo para recuperar o espaço perdido.
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Dessa dimensão social da política externa, faz parte a conservação do meio ambiente. Precisamos deixar de lado a ideia de que a conservação ambiental é um obstáculo ao desenvolvimento econômico. A política ambiental brasileira parece ter se tornado algo absurdo e inaceitável pelos nossos principais parceiros.
Hoje, a separação entre as políticas interna e externa diminuiu, e a primeira impacta cada vez mais a segunda afetando negativamente a imagem internacional do Brasil. Todos os dias há repercussão no plano internacional negativa e recorrente de atitudes não democráticas do Executivo brasileiro.
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Temas como a pandemia, os direitos humanos, a Amazônia, o funcionamento do sistema judicial, o papel dos militares, a crescente pobreza, a criminalidade, e outros, são discutidos diariamente, na mídia mundial, sem que haja uma preocupação maior com os danos importantes que políticas públicas nefastas causam ao prestígio internacional brasileiro.
O isolamento internacional nos últimos dois anos fez o Brasil perder espaço exatamente no momento em que se verifica um reposicionamento de forças entre as grandes potências. A recuperação dessa posição perdida é essencial para voltarmos a participar ativamente da vida internacional.
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Mas, as pressões gratuitas, contra a comunidade internacional, têm de cessar por não auferir nenhum dividendo, mas só prejuízos para o país. Com os valores democráticos recuperados, é possível dar vida nova à política exterior destruída por devaneios medievais e teológicos.
Sem democracia, afigura-se difícil a reconstrução e recuperação do prestígio abalado por uma administração desastrosa no Itamaraty. Democracia no plano interno ― dentro da instituição ― e externo é o remédio para combater os não democratas imbuídos do autoritarismo e intolerância contra os colegas.
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Reconciliação pode ser a palavra-chave para retomar as nossas antigas e perenes tradições diplomáticas e partir em direção à renovação e recuperação do patrimônio diplomático perdido. Como dizia o ex-chanceler Azeredo da Silveira, a melhor tradição do Itamaraty é saber renovar-se a cada momento.
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