KakayDivulgação
As agressões permanentes foram consolidando na sociedade uma imagem, que de tão bizarra parece deturpada, de um chefe de Estado que, deliberadamente, fala para um grupo que depende dele e o apoia de maneira incondicional. Pouco importa se o país é motivo de chacota internacional ou se internamente todas as áreas estão sendo esfaceladas. A estratégia escolhida é de terra arrasada, é de destruir toda e qualquer conquista humanista das últimas décadas. E é uma destruição organizada, planejada e trabalhada.
A política de desmantelamento da Saúde, da Cultura, da Educação, da Justiça e da Segurança, dentre outras, visa a manutenção desses bárbaros no poder. Quanto menos a sociedade estiver organizada e consciente, mais facilidade o bolsonarismo terá de crescer e se espalhar.
E a tentativa de manter as pessoas permanentemente reféns do medo e da apreensão também é uma estratégia deliberada de poder. Mesmo antes da posse, esse bando se ampara na hipótese de um golpe militar e os exemplos são incontáveis. Desde a ameaça do próprio presidente da República de fechar o Supremo e o Congresso até as intimidações físicas e personalizadas aos ministros do Supremo Tribunal. Sem contar os inúmeros xingamentos, com palavras de baixíssimo nível, às autoridades constituídas. Tudo que nos envergonha e constrange é motivo de orgulho e regozijo por parte dessa gente sem limite.
Esse constante estado de tensão se apoia nas frequentes ações de esgarçamento das relações institucionais entre os poderes constituídos e nas atitudes governamentais de pensada beligerância. Por isso, a opção de armar a população. Hoje, cerca de um milhão e 400 mil armas estão nas mãos de civis, um contingente maior do que existe em poder da Segurança Pública.
Faço essas reflexões para mostrar como é absurda a tese, tantas vezes repetidas, de que as urnas eletrônicas não são confiáveis e que o resultado das eleições poderá ser questionado. Tudo isso é pretexto para uma imaginada resistência armada a uma cada vez mais patente derrota.
É necessário que todos nós nos manifestemos dando nome aos pretensos golpistas. O Brasil não é um país de quinta para ficar nas mãos desses irresponsáveis bravateadores! A comunidade internacional já se manifesta pela necessidade de estabilidade democrática.
Resistir às bazófias desses siderados vai demonstrar quem é quem na hora da definição. Os bolsonaristas já fizeram a opção quando, expressa e claramente, apoiam a tortura, cultuam a morte e agridem os direitos das mulheres, dos negros, dos LGBTQI+, dos pobres e de todas as minorias.
Temos que voltar ao início e assumir que não haverá golpe e que a civilização vencerá a barbárie. Não podemos alimentar esse delírio. Vamos nos lembrar do velho Eça de Queiroz: “É o comer que faz a fome”.
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
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