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A recorrência de condutas ilícitas perpetradas pelo presidente da República daria para completar qualquer livro acadêmico sobre o assunto. Bolsonaro é um serial killer quando se trata da prática de crimes de responsabilidade. Como já afirmei inúmeras vezes, o poder imperial depositado nas mãos do presidente da Câmara impediu a abertura do processo de impeachment. Mas a certeza da impunidade produz um presidente que, dia após dia, se esquece das importantes atribuições do cargo em um regime presidencialista.
Os abusos se repetem como uma maneira estruturada de exercício de poder. Não se pode mais imaginar que as insistentes tentativas, claras e deliberadas, de romper o equilíbrio entre as instituições da República sejam despercebidas ou ocasionais. O que se constata, diuturnamente, é o chefe do Executivo instigando a estabilidade democrática e propondo a ruptura entre os Poderes constituídos. As provocações, às vezes rasas e nem sempre discretas ou respeitosas, visam criar um clima de quebra da estabilidade institucional para propiciar, sob os olhos de um inepto, o ambiente propício para um golpe com a ruptura constitucional.
Esses fascistas baratos se arvoram de tutores da nossa democracia desde que assumiram o poder. Surpresos e incrédulos com a vitória de 2018 - nem eles acreditavam nessa hipótese - esse bando de despreparados resolveu governar um país com a dimensão do Brasil como quem dirige um botequim de zona do baixo meretrício.
E a democracia é testada a todo momento. Não existem limites para esses bárbaros. Agora, o presidente da República, ele próprio, resolveu apresentar uma notícia-crime contra o ministro do STF Alexandre de Moraes por crime de abuso de autoridade. É mais uma tentativa de avaliar os limites da estabilidade constitucional. Um presidente da República que já se insurgiu contra a segurança física dos ministros do Supremo e seus familiares, com xingamentos e instigação à violência, resolve instrumentalizar o próprio Judiciário como maneira de romper a institucionalidade. É a opção pelo caos e pela provocação.
Ou seja, não satisfeitos em proporem insistentemente, de maneira irresponsável, a possibilidade de uma ruptura constitucional com eventual derrota em outubro e com questionamento criminoso sobre segurança das urnas eletrônicas, os bárbaros colocam em risco a estabilidade entre os Poderes ao tentarem processar um ministro do Supremo, sem nenhum fundamento jurídico consistente.
Já existem os áulicos de plantão a afirmar que, com essa representação, o ministro Alexandre de Moraes teria que se dar por suspeito nos processos do presidente Bolsonaro. Como se fosse possível o investigado escolher o seu juiz de estimação! Esse raciocínio, se fosse jurídico, permitiria que todo empresário ou político, na época em que o ex-magistrado Sergio Moro era o vingador da República de Curitiba, ajuizasse uma queixa-crime contra ele e contra seus procuradores adestrados para terminar com a Operação Lava Jato. Realmente o medo não costuma ser bom conselheiro.
O que fica cada vez mais cristalizado é que as ações inconsequentes por parte desse bando recrudescerão até as eleições. A perspectiva de perder o poder, de secar a fonte do dinheiro e, ainda, de enfrentarem o sério risco de serem presos vai fazer o Brasil sangrar. Uma nuvem densa cai cada vez mais sobre nosso país e a barbárie se instala retirando o ar democrático que sustenta a estabilidade institucional.
Não podemos simplesmente desprezar as ameaças diárias e crescentes de um golpe, principalmente no esgarçamento irresponsável da inquestionável segurança jurídica das urnas eletrônicas. Insisto, deve crescer no país um movimento para derrotar Bolsonaro no primeiro turno no dia 2 de outubro. Todos os democratas devem se empenhar nessa luta.
Será mais difícil para os golpistas impugnarem o processo eleitoral se o Lula ganhar no primeiro turno. Afinal, os bolsonaristas teriam que assumir que houve fraude nas eleições que elegeram governadores, senadores e deputados ligados ao atual presidente. Como são irresponsáveis e ignorantes, podem fazer isso, mas seria um completo contrassenso, pois teriam que dizer que se elegeram numa eleição fraudulenta! Mas, se houver segundo turno, para eleger o presidente da República, essa investida contra as urnas eletrônicas parece que está cada vez definida.
O que se desenha é uma tentativa de golpe na democracia. Não podemos desprezar os inúmeros sinais que estão vindo dos mais diversos setores desse grupo acuado, insano e desesperado. Vamos derrotar o projeto golpista e fascista no primeiro turno. Repito, essas são as eleições mais importantes da história do Brasil: se a barbárie vencer a civilização, elas podem ser as últimas. Como ensinou o velho Machado de Assis: “É uma coisa imoral e ridícula fascinar as consciências com virtudes ilusórias e qualidades negativas.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay