A irresponsabilidade golpista do presidente passou de todos os limites. Desde o fim das eleições, o país está envolto em boatos e movimentações que tentam desestabilizar a Democracia. De tão caricaturais, beiram o ridículo, mas, ainda assim, ocupam o imaginário popular e levam insegurança para as pessoas. A cena dos bolsonaristas tentando contato com extraterrestres retrata bem o grau de insanidade desses seres teratológicos. A tentativa vulgar de questionar as urnas eletrônicas atingiu o ápice: a retórica agora é a de que apenas o resultado do segundo turno deve ser anulado. No primeiro turno, quando foram eleitos governadores, senadores e deputados bolsomínions, os hipócritas defendem a legalidade do pleito. É muito baixo nível, além de tudo cansa.
O PL tenta, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma esdrúxula “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” com a finalidade de anular o resultado da eleição presidencial. É óbvio que o livre acesso ao Judiciário é um dos pilares do regime democrático, mas torna-se necessário apontar que o absurdo deveria ter limite. É exatamente em nome de uma falsa ideia de Democracia que esses golpistas insistem em dilacerar a estabilidade institucional.
Com uma oratória banal e rasa, insistem em fustigar a Constituição e criam uma sensação de pânico ao ocuparem as estradas, as ruas e o noticiário. Um bando de desocupados a serviço de grupos golpistas que devem ser responsabilizados. Há uma evidente tentativa de ruptura institucional. Parece inquestionável que um movimento organizado, com financiadores capitalizados, busca desestabilizar a Democracia.
A repercussão internacional da vitória do Lula - uma incrível e emocionante receptividade dos governos mundo afora -, que deveria apenas comprovar a legitimidade das eleições, parece que humilhou os idiotas e abriu um fosso ainda maior. O mundo despreza solenemente a trupe bolsonarista. A civilização não aguenta mais ter que conviver com esse tipo de gente. A baixaria não deveria incomodar, mas, quando ela está representada pelo poder da Presidência da República, é evidente que certa desestruturação ocorre.
É necessário conter tanta insanidade. Mais uma vez, o país deposita seu futuro no Poder Judiciário. Mas já é hora do Congresso Nacional, da classe política, dos empresários, da sociedade civil e de todos que têm compromisso com a Democracia darem um basta em tanta irresponsabilidade. Não é possível acolher e abrigar esses movimentos teratológicos. Já passa da hora de voltarmos a cuidar da normalidade democrática.
Venho defendendo que o Brasil só estará seguro se, com o devido respeito às regras constitucionais e aos direitos e garantias individuais, nós fizermos o enfrentamento e a responsabilização de todos os crimes cometidos durante o governo que agoniza. Se vingar um pacto de proteção a esse grupo, nós não encontraremos a necessária paz social.
Esse movimento irracional de extrema instabilidade é fruto exatamente da sensação de impunidade que embala os grupos golpistas. É difícil defender que, de alguma maneira, o Direito Penal pode servir como anteparo para a Democracia. Mas, neste momento, faz-se necessário restabelecer a normalidade institucional. É urgente sermos intolerantes com os intolerantes. Até porque eles agem com a violência surda que corrói as instituições, que subjuga a inteligência e que, de maneira insidiosa, se espalha pelo imaginário popular de um bando de cretinos que acreditam ser a Ditadura um direito em nome da Democracia.
Lembrando-nos de Bertolt Brecht, no poema Os Medos do Regime, “Um estrangeiro, voltando de uma viagem ao Terceiro Reich, ao ser perguntado quem realmente governava lá, respondeu: o medo.” “Porque temem tanto a palavra clara?”, pergunta-se Brecht.
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