Elymar SantosReprodução

Homem de fé, Elymar Santos completa 69 anos na véspera do Dia de Nossa Senhora de Aparecida. Quase dois anos totalmente recluso, o cantor admite, em conversacom a coluna, que sua religiosidade o mantém de pé nesse período tão difícil da pandemia. "Tive altos e baixos e percebo que a minha saúde mental está complicada, mas vai ficar tudo bem", conta Elymar, que agradece a Deus por mais um ano de vida e, principalmente, por conseguir sobreviver com as suas economias. "Graças a Deus eu estou cumprindo com os meus compromissos e também podendo ajudar algumas pessoas".  
Você é um cantor de fazer shows e de estar perto do público. Como se virou e como se sentiu sem se apresentar há quase dois anos?
Como me virei não. Como eu estou me virando, porque eu não estou trabalhando e não pretendo trabalhar tão cedo. A minha previsão é voltar aos palcos em março, mas se tudo estiver bem até lá. Tenho uma cláusula no meu contrato que diz que eu só vou trabalhar se estiver tudo certo. Ainda acho que as coisas estão muito sérias e isso tudo pra mim é complicado. A minha vida inteira eu trabalhei. Desde que eu me entendo por gente, eu nunca parei de trabalhar. Nunca fui de esbanjar e até me achava um mão de vaca, mas sabe aquele pensamento no amanhã? Só que eu nunca imaginei que esse 'amanhã' fosse o que estamos vivendo agora, hoje. Graças a Deus estou conseguindo sobreviver com as minhas economias, cumprindo com os meus compromissos e também podendo ajudar algumas pessoas. Graças a Deus.
Ficou totalmente recluso? Fez coisas que não imaginaria? Teve altos e baixos?
Fiquei e ainda estou totalmente recluso. Agora, no meu aniversário, eu vou conhecer o meu neto, vou vê-lo pela primeira vez. Ele fez um ano agora e ai eu resolvi fazer um reunião com oito pessoas e só, sabe? Às vezes, eu acho que estou com síndrome do pânico, que desenvolvi esse medo e aí depois acho que, na verdade, estou só me preservando mesmo. Uma aglomeração, eu já fico apavorado. Tenho pavor dessa doença.
Teve altos e baixos?
Tive altos e baixos e percebo que a minha saúde mental está complicada, mas vai ficar tudo bem. Eu sempre fui muito caseiro. Gosto de ficar em casa e eu nunca imaginei que fosse cantar em casa, que fosse fazer um show de dento da minha casa para as pessoas assistirem. Fiz uma live no dia do aniversário da minha mãe, no dia 28 de março. Eu fiz da minha varanda, no Leblon, para ela lá em Recife. Fiz outra no Dia das Mães, fiz em maio, na Igreja da Penha e no Dia dos Namorados. Todas com as rendas revertidas para ajudar as pessoas e instituições como o Retiro do Artistas, Complexo da Penha e do Alemão e um canil em Bonsucesso.
Você sempre fez show comemorativo de aniversário? E esse, como será?
Eu sempre comemorei em cima de um palco. Ano passado, eu passei sozinho e esse ano chamei o meu filho e o meu neto. Vou comemorar sempre com muita oração, porque eu sou uma pessoa de muita fé. E é a minha fé neste momento que me mantém de pé, me mantém inteiro.
Que lição acha que o ser humano teve nessa pandemia?
Não acabou essa pandemia. É assustador ver como muitas pessoas ainda não aprenderam a lição e pra mim foi uma inversão de valores. Coisas na minha vida que tinham um valor e, hoje, não tem mais. E outras que eu não dava tanto valor e agora tem um valor imenso. O ser humano me assusta muito, essa forma de se autodestruir. Você vai no lugar e vê as pessoas aglomeradas e sem máscaras e isso não é agora que está um pouco liberado. Desde o início, ninguém respeitava, ninguém se preocupava com sua família, com o próximo... Um horror.