O presidente da Cdurp, Gustavo GuerranteDivulgação

Recentemente, a Cdurp, empresa municipal responsável pela administração daZona Portuária, recebeu duas boas notícias: terá suas atribuições ampliadas com a formação de uma nova estatal, e conseguiu incluir a região no projeto aprovado pela Alerj para incentivar economicamente o Centro do Rio. Em entrevista a O DIA, o presidente da companhia, Gustavo Guerrante, fala sobre a criação daCompanhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), que vai centralizar as Parcerias Público-Privadas da capital, e sobre as perspectivas para a área: "Após a pandemia, percebe-se uma retomada da busca pelo Porto como lugar interessante para se morar", diz.
O DIA: A Câmara deu o sinal verde para a criação da CCPar. Quais serão os benefícios para os cariocas?
GUERRANTE: A primeira coisa é retomar algo que foi dissipado na gestão anterior: centralizar em um só lugar as concessões e parcerias em ações da prefeitura. Como várias secretarias cuidavam do tema, deixou-se de pensar em conjunto, e o conhecimento se dispersou. Além disso, vamos enxugar a estrutura também dentro da administração. Com a centralização em um corpo de profissionais que já atua na área, é possível reduzir a mão de obra.
Como o senhor responde à crítica de PPPs terem investimentos públicos e lucros privados, feita inclusive na Câmara?
A crítica é uma discussão antiga nas Parcerias Público-Privadas. O parceiro privado, de fato, precisa ter lucro, pois não vai aplicar capital se não tiver retorno. Mas a vantagem é que você consegue investir em uma velocidade que não seria possível num processo padrão. Por outro lado, o próprio setor público traz complicações. Por exemplo, aqui no Rio, o VLT foi construído por quem iria operar, sabendo as especificações. Em Cuiabá, o Estado se responsabilizou por tudo — mas as obras pararam e os trens adquiridos nunca foram utilizados.
Já há alguma PPP à vista para quando a CCpar começar efetivamente a operar?
Concessão a gente tem. O Pavilhão de São Cristóvão e o Terreirão do Samba já estão em andamento. Lançamos recentemente um estudo de viabilidade do AquaViário da Barra da Tijuca, um transporte lagunar que pretende integrar a região, aliviando a mobilidade urbana e os outros meios de transporte público. O setor de serviço do Souza Aguiar também é outra possibilidade de parceria em análise.
Por que a região portuária demorou tanto a decolar?
A gente viveu uma confluência de crises muito grande, que foi mais severa no Rio de Janeiro por causa da crise política. A cereja do bolo foi a Covid-19, que veio muito avassaladora. Mas há uma ressalva: no caso do Porto Maravilha, fomos capazes de fazer um conjunto de obras numa velocidade muito grande — em um espaço de cinco anos. Fizemos a derrubada da Perimetral, a construção de três túneis, da nova ponte, uma praça urbanizada… É muito difícil a gente ver essa quantidade de recurso investido de uma só vez. Após a pandemia, percebe-se uma retomada da busca pelo Porto como lugar interessante para se morar. Diria que, quase exclusivamente, as buscas agora estão sendo residenciais.
Falando no assunto: o projeto inicial via no adensamento uma via para revitalizar a área. Qual é o panorama em relação às moradias?
Aproximadamente 4.500 unidades residenciais novas estão sendo construídas. Se considerarmos uma média de dois habitantes por unidade, são cerca de 10 mil pessoas. Dois empreendimentos de grande porte já estão em obra, um de 800 unidades, outro de 1500 unidades. Além disso, temos outros já licenciados, outros já à venda. Um ponto interessante é a infraestrutura ter chegado antes do adensamento na região portuária, o que é raro e ideal quando se planeja o crescimento de uma cidade. O contrário é um baita desafio para a gestão pública.
Qual a importância de a área ser incorporada à Zona Franca do Centro?
A nossa região enfrentou os mesmos reveses da região central. O comércio sofreu com a pandemia, muita coisa fechou. Com uma perspectiva de 10 mil moradores chegando nos próximos anos, precisamos de serviços. Ter esse incentivo, neste momento, é importante.