Por O Dia
Em meio à pandemia de Covid, que já ceifou a vida de mais de 340 mil brasileiros, há quem ainda acredite que a ameaça da doença é exagerada. Há quem se recuse a usar máscara, evitar aglomerações ou tomar as precauções recomendadas por autoridades sanitárias e repassadas corretamente pela imprensa.

Há mesmo aqueles que dizem que não irão se vacinar. Motivada por boatos infundados, a aversão às vacinas é algo anterior à emergência da pandemia, diga-se.

O negacionismo é um fenômeno global, verificado aqui e lá fora. Assim como teorias da conspiração desprovidas de embasamento sério. Pode parecer exagerado o número de pessoas que acha que a terra é plana, apesar de não haver qualquer indício que sustente esse pensamento e de todas as acachapantes provas em sentido contrário.

É fato que as redes sociais dão maior visibilidade e facilitam a propagação de fake news. Mas essa recusa em aceitar evidências não é um mal específico do mundo contemporâneo.

Há cerca de 500 anos Galileu Galilei quase foi parar na fogueira por mostrar que a Terra não era o centro do universo, que nosso planeta se move em torno do sol e não o oposto. Ele foi obrigado a se retratar porque sua descoberta contradizia a versão aceita até então. A ideia de que o sol gira em torno da Terra é o que hoje chamamos de fake news.

O famoso caso de Galileu é simbólico por juntar dois elementos atuais: disseminação de fake news e falta de confiança na ciência.

Pois, no combate à pandemia, é crucial combater as fakes news, ter acesso à informação de qualidade e bem verificada; acreditar na eficiência da ciência, particularmente na área da saúde, na chegada da vacina, e em bons cuidados médicos.

Por uma coincidência, o dia 7 de abril reuniu essas questões. É quando se comemora o Dia Mundial da Saúde e, no Brasil, o Dia do Jornalista. Médicos e jornalistas cumprem papel de destaque nessa pandemia. Ao lembrar essa data salientamos, assim, a importância da ciência e dos profissionais de saúde na linha de frente contra a Covid, sobrecarregados, arriscando a vida para evitar a morte dos outros; bem como os repórteres e jornalistas que trabalham para informar a população, combater as fake news, muitas vezes em condições adversas e sem a compreensão de parte da sociedade. Não nos esqueçamos: ciência e informação são fatores de proteção.

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Outra efeméride que caiu este ano em 7 de abril foi o Yom HaShoá VehaGvurá (o Dia do Holocausto e do Heroísmo), quando a comunidade judaica em todo o mundo presta homenagem à memória das mais de 6 milhões de vítimas na Segunda Guerra Mundial.

A origem da data remonta ao levante de judeus no gueto de Varsóvia, na Polônia. A primeira revolta armada desencadeada por civis na Europa ocupada por nazistas foi um ato de resistência contra a decisão de acabar com o gueto e acelerar o envio de seus moradores para os campos de exterminio.

O Holocausto foi um episódio trágico único, que não comporta comparações, mas que não pode ser esquecido.

Com o Yom HaShoá VehaGvurá lembramos as vítimas inocentes de tempos sombrios e celebramos o heroísmo do espírito de resistência, mesmo em situações adversas.
*Luciano Bandeira é presidente da OABRJ
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