Por O Dia
Veio a público recentemente que diversas universidades federais estão ameaçadas de fechar as portas por falta de recursos, por diminuição de verbas e bloqueio orçamentário. Entre elas a nossa UFRJ. Este ano, o QS World University Rankings, um dos mais prestigiados rankings de universidade no mundo, classificou a UFRJ como a melhor universidade federal brasileira e a terceira melhor do país, atrás da Unicamp e da USP, ambas estaduais.
Atualmente as 69 universidades federais tem 1,3 milhões de alunos. E vem sofrendo com o corte de verbas. No caso da UFRJ, desde 2013 a verba diminui.
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Segundo a reitoria da UFRJ, o orçamento previsto para a universidade este ano é 38% do que foi empenhado em 2012. E, desse montante, 18,4% foi bloqueado pelo governo, inviabilizando o funcionamento mínimo da instituição a partir de julho, por não conseguir pagar as contas de manutenção, em geral terceirizadas e das primeiras a serem afetadas quando o dinheiro falta. O desbloqueio anunciado nesta quinta pode até dar um respiro, mas deve ser paliativo.
Eu me formei em uma faculdade privada de excelência, a PUC-Rio, mas devo reconhecer o papel preponderante que as universidades públicas, em especial as federais, têm no ensino superior, na formação de quadros técnicos qualificados, na pesquisa e no desenvolvimento científico. São importantes centros produtores e difusores de conhecimento e saber. Só na minha área, a UFRJ ajudou a formar milhares de advogados e advogadas.
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Mas a importância da UFRJ vai além dos bancos de aula. A UFRJ mantém, por exemplo, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o maior do estado, que diariamente atende 1.000 pacientes, realiza 25 cirurgias e possui cerca de 300 leitos ativos, boa parte destinados a tratamento de pacientes com Covid-19.
Além de estar na linha de frente no tratamento de vítimas da Covid-19 através do HUCFF, a UFRJ combate a pandemia em outros campos. Ela realizou estudo de vigilância genômica para identificação de novas variantes do vírus, desenvolveu testes sorológicos e ainda está desenvolvendo uma vacina.
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Podemos nos privar de uma instituição como essa?
Em uma sociedade democrática civilizada, o Estado deveria assegurar padrões básicos de educação, saúde, habitação, renda, segurança pública e seguridade social. E ser indutor do desenvolvimento econômico.
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Aliás, educação sempre foi um grandes indutor de desenvolvimento, individual e para o país. Foi a chave para o desenvolvimento recente de diversos países, como a Coréia do Sul, ou mesmo não tão recente, como a Argentina.
Na atual crise no Brasil, é preciso encontrar formas de garantir o financiamento das universidades públicas – e isso, de jeito algum, exime a importância de discussões pela sociedade sobre o uso dessas verbas de forma mais eficiente ou mesmo sobre o modelo de financiamento.
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Luciano Bandeira é presidente da OABRJ