Em sessão que ocorreu na última terça-feira, na Câmara do Rio, vereadores aprovaram proposta - Daniel Castelo Branco / Arquivo / Agência O Dia
Em sessão que ocorreu na última terça-feira, na Câmara do Rio, vereadores aprovaram propostaDaniel Castelo Branco / Arquivo / Agência O Dia
Por PALOMA SAVEDRA

Rio - A Câmara dos Vereadores colocou o pé no freio da Prefeitura do Rio, impedindo a venda de terrenos municipais pelo Executivo sem autorização legislativa. A alienação de imóveis públicos faz parte de um projeto do Instituto de Previdência e Assistência (Previ-Rio) para cobrir o déficit do fundo previdenciário (Funprevi), em 2019, de quase R$ 1 bilhão.

Para o Previ-Rio, a venda das áreas é uma das mais importantes iniciativas para elevar a receita previdenciária. Mas vereadores criticam a medida, e alegam falta de critérios por parte do município se desfazer dos imóveis.

Os parlamentares aprovaram, na última terça-feira, e em segunda discussão, projeto de lei que obriga o Funprevi a encaminhar à Câmara o pedido de autorização para a venda de terrenos públicos. O texto muda dispositivo da Lei 3.344 de 2001, que permitia a alienação sem consulta da Casa.

"Com a proposta, buscamos resguardar a Lei Orgânica do Município, que, com o objetivo de manter o equilíbrio entre os Poderes Legislativo e Executivo, prevê que a alienação de bens imóveis do município dependam de autorização da Câmara. E a Lei 3.344 retirava essa prerrogativa da Câmara Municipal", argumentou o vereador Carlo Caiado (DEM), autor da proposta aprovada.

Também assinaram o projeto os vereadores Carlos Eduardo e Jorge Manaia (ambos do Solidariedade), Jairinho e Thiago K. Ribeiro (os dois do MDB) e Felipe Michel (PSDB). O texto ainda tem que ser sancionado pelo prefeito Marcelo Crivella. No caso de ele rejeitar, a Casa deve derrubar o veto e promulgar a lei.

ESTUDO SOBRE OS TERRENOS

Como a Coluna vem informando, o Previ-Rio rebate as críticas sobre falta de critério. Representantes da autarquia ressaltam que há vantagens para o patrimônio público, e que os terrenos são escolhidos após estudos. Na edição do último dia 16, o diretor de Investimentos da autarquia, Marcus Belarmino, declarou que "são imóveis que não têm demanda pública".

"O poder público não está tendo nenhuma vantagem em mantê-los. Pode-se vender, fazer receita, e, com isso, ainda passar a arrecadar ITBI e IPTU. É uma ação que tem efeito multiplicador", alegou.

Medida ajudaria a cobrir déficit em 2019
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O déficit previdenciário do Município do Rio para o próximo ano está previsto em R$ 985 milhões. Já no início de 2018, o buraco financeiro era estimado em R$ 700 milhões. O rombo deste ano, porém, já está coberto.
O Previ-Rio, que administra o Funprevi, conseguiu elevar sua receita com diversas medidas, e algumas que afetam diretamente os aposentados e pensionistas.
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O município passou a cobrar contribuição previdenciária de 11% de inativos, com base em regras constitucionais. O Previ-Rio também regulamentou o abono-permanência (benefício pago a servidores que já completaram os requisitos para a aposentadoria, mas que decidiram permanecer na ativa).
Neste caso, não havia desconto desses funcionários para a previdência. E desde o primeiro semestre que eles passaram a contribuir. Com isso, o Tesouro municipal também teve que repassar ao Funprevi a contribuição patronal, o que aumentou a arrecadação.
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Para o ano que vem, a autarquia estudava tirar do papel um ousado projeto para comercializar terrenos (na Zona Oeste da cidade) e conseguir arrecadar um valor total de pelo menos R$ 200 milhões. O município estava se baseando na Lei 3.344, que permite, hoje, a venda sem necessidade de enviar proposta autorizativa à Câmara de Vereadores.
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