Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde. - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Sidney Rezende
Médico sanitarista, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, ocupa o posto pela segunda vez. Ele esteve também no mandato anterior do prefeito Eduardo Paes. Agora, o secretário tem um desafio maior, o de conter a pandemia do novo coronavírus na cidade, que já conta com mais de 15 mil mortes. Soranz tem experiência na gestão em saúde e atuando principalmente nos seguintes temas: atenção básica, processo de trabalho em saúde, sistema de informações e políticas públicas. Nesta entrevista ao jornal O DIA, o secretário falou sobre a vacinação contra a covid-19 no Rio e a abertura de novos leitos para tratar a doença. Com o hospital de campanha desativado, Soranz explicou que isso "representará uma economia substancial de recursos para a Secretaria Municipal de Saúde, que poderão ser aplicados em outras frentes do plano de combate à covid-19". Segundo o secretário, 150 leitos já foram abertos em hospitais municipais. Além disso, "outros 10 leitos deverão ser abertos no Souza Aguiar, 23 no Salgado Filho e 60 no Clementino Fraga Filho, além de 150 contratados na rede privada", explicou.

O Rio contará com vacinas de quais laboratórios e qual seria o cronograma ideal a ser seguido?

O município do Rio de Janeiro vai seguir o Programa Nacional de Imunização e está aberto a todos os laboratórios com vacinas aprovadas. Estamos com expectativa para que o início seja o mais breve possível, ainda no mês de janeiro. Tudo será feito para que não se atrase a vacinação do Rio nem um dia. Estamos trabalhando para garantir à população o acesso à vacina.

Qual logística os senhores pretendem implementar para o início da vacinação contra a covid-19? 

Serão 450 pontos de vacinação em toda a cidade, distribuídos pelas unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde) e por locais como escolas, associações comunitárias, além de pontos no sistema drive thru, entre outros, a fim de facilitar o acesso da população. Ao todo, 10,5 mil profissionais estarão envolvidos na vacinação.

Quantas fases serão necessárias para imunizar a população?

A primeira etapa da vacinação vai contemplar os grupos mais vulneráveis previstos no Programa Nacional de Imunização, o que representa 2,6 milhões de pessoas. Serão aplicadas duas doses em cada pessoa, o que representa 5,2 milhões de doses. Serão contemplados trabalhadores de saúde, pessoas com 75 anos ou mais, população indígena e quilombola, idosos a partir de 60 anos que vivem em instituições, idosos entre 60 e 74 anos, pessoas com comorbidades, professores e profissionais das forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e trabalhadores de outros serviços essenciais. Em etapas seguintes, a serem definidas, serão beneficiados outros grupos populacionais.

Fala-se em vacinação no Rio dia 20 de janeiro, Dia de São Sebastião. O governador de São Paulo já tinha anunciado o dia 25, aniversário da cidade. Pode existir algum mal estar junto ao governador João Dória?

A expectativa para início é na semana do dia 25 de janeiro, mas a data de início da vacinação dependerá do que for estabelecido pelo Programa Nacional de Imunização.

O Rio de Janeiro tem estoque de seringas para esta mega operação?

A Secretaria de Estado de Saúde já comprou 8 milhões de seringas agulhadas e está em processo de compra de outras 8 milhões. A Secretaria Municipal de Saúde também está fazendo compras de seringas, para atender não só a vacinação contra a covid-19, mas também para outras demandas do programa regular de imunização.

Desde a primeira reunião com o governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (DEM), o que foi ponto de concordância e o que ainda precisa ser ajustado entre eles?

Município e Estado estão trabalhando de forma alinhada em todas as questões.

A Prefeitura já possui em estoque 450 mil testes ainda no primeiro trimestre de 2021?

A partir da próxima semana já será possível o agendamento para fazer o teste pela Central 1746 e, em breve, também pelo aplicativo covid-19, que estará disponível nas lojas de aplicativos. Neste domingo já receberemos testes em nosso almoxarifado central. É um novo teste, muito confiável, específico para interromper a cadeia de transmissão. Um swab com resultado na hora na unidade de atenção primária (clínica da família e centro municipal de saúde).

Como será feita a regulação única da fila de leitos para a covid-19 na rede SUS?

Já existe uma plataforma única de regulação dos leitos e, agora, Estado e Município estão conversando para que o processo de regulação funcione como de fato deveria, com todos os leitos de todos os entes sendo disponibilizados e todos os pacientes inseridos na mesma plataforma. Desta forma, haverá de fato uma fila única, respeitando-se, claro, a classificação de risco dos pacientes, ou seja, os casos mais graves sendo priorizados para a disponibilização de cada tipo de leito.

O prefeito anunciou a abertura de 343 leitos para o enfrentamento do novo coronavírus e mais serão reabertos. O que é possível fazer imediatamente além destas ações?

Já foram abertos 150 leitos, sendo 130 no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla e 20 no Hospital Municipal Souza Aguiar. Outros 10 leitos deverão ser abertos no Souza Aguiar, 23 no Salgado Filho e 60 no Clementino Fraga Filho, além de 150 contratados na rede privada. A SMS também está providenciando a contratação de profissionais para que os demais leitos previstos sejam abertos progressivamente. O programa de testagens está sendo ampliado, para, já a partir dessa semana, começarem a ser feitos os agendamentos pela Central 1746. Paralelamente, vem sendo feito o planejamento para o início da vacinação, seguindo o previsto no PNV. Há ainda outras ações já em andamento como a ativação do Centro de Operações de Emergências em Saúde – COE COVID-19 RIO, que atuará em parceria com o Comitê Especial de Enfrentamento da COVID-19 – CEEC, composto por especialistas das três esferas governamentais. Também será lançado um aplicativo para auto notificação de casos. Atualmente há total transparência à ocupação dos leitos na cidade com acesso público dos leitos livres, ocupados e impedidos, com acesso pelo portal http://smsrio.org/censo. O COE faz o monitoramento da situação epidemiológica para identificar as áreas com necessidade de maior atenção e fortalecimento das ações de proteção à vida. Um boletim semanal será divulgado com a situação de toda a cidade, dividida por região administrativa.