Alexandre Freitas (Novo) - Thiago Lontra/Alerj
Alexandre Freitas (Novo)Thiago Lontra/Alerj
Por Sidney Rezende
O deputado estadual Alexandre Freitas (Novo) está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele é também suplente do vereador Leandro Lyra, do mesmo partido. Liberal convicto, Freitas se filiou ao Novo no primeiro ano de existência da legenda, tendo atuado como voluntário para a criação do partido. O deputado rechaça quem considera que o Novo faça uma velha política como "sapatênis". "Eu só posso concluir que quem pensa assim não conhece o partido. O Novo é o único do Brasil que não usa dinheiro público e veda que políticos sejam dirigentes partidários, com isso, cria um sistema de peso e contrapeso na própria estrutura partidária", disse. Em entrevista ao jornal O DIA, Alexandre falou ainda sobre como o estado do Rio pode voltar a ter equilíbrio fiscal. "Sem qualquer dúvida, a previdência e os privilégios e supersalários dos burocratas dos três poderes são os maiores fomentadores da desigualdade social. Uma reforma administrativa também é necessária para reduzir o peso do Estado no bolso do contribuinte".

Este é seu primeiro mandato como deputado estadual. Qual a conclusão a que o senhor chegou nestes dois primeiros anos? O que o senhor mais aprendeu e o que o decepcionou?

Que uma andorinha pode até não fazer verão o ano todo, mas um bom parlamentar consegue tornar possível alguns dias de sol para a população. O Parlamento te dá uma oportunidade real de mudar a vida das pessoas, de melhorar a sociedade em que vivemos. Um político vocacionado, apaixonado pela arte de fazer política, é capaz de compreender que para dialogar não é preciso renegar seus princípios ou "entrar no esquema", é possível estar na política, fazer a diferença e se manter honesto e íntegro.

Como o senhor encara quando falam que o Partido Novo é a velha política de "sapatênis"?

Eu só posso concluir que quem pensa assim não conhece o partido. O partido Novo é o único do Brasil que não usa dinheiro público e veda que políticos sejam dirigentes partidários, com isso, cria um sistema de peso e contrapeso na própria estrutura partidária. O Novo é o primeiro fiscal dos mandatários. Eu costumo dizer que o Novo é o pior partido para quem quer ser político, mas é o melhor pra quem quer fazer uma boa política.

Outra crítica recorrente é que o Partido Novo tem os olhos mais voltados para os ricos e não apresenta políticas públicas que atendam aos moradores de favelas. É justa esta avaliação?

Acredito que é equivocada. O Novo é o único partido que luta de forma real pela universalização do saneamento básico. Essa é uma pauta primordial para a qualidade de vida dos mais pobres que sofrem com esgoto a céu aberto e água de péssima qualidade. A lei da liberdade econômica que eu aprovei no âmbito estadual reduz a burocracia de diversas atividades de baixo risco, que são atividades exercidas pela classe média e classes mais pobres. O desafio agora é influenciar na apresentação dessa lei nos municípios que são quem de fato atrapalham mais o cidadão na sua liberdade para empreender.

Como o senhor avalia o governo de Cláudio Castro após o afastamento de Wilson Witzel?

É um governo muito mais aberto ao diálogo. Esse ano, vamos cobrar que envie as reformas necessárias para melhorar as tão combalidas finanças do estado do Rio. Estamos lutando pelo fim da substituição tributária no estado e também por uma reforma da previdência que aplique a alíquota progressiva para a elite do funcionalismo, que se tornou um verdadeiro parasita do pagador de impostos.

O que o governo pode fazer para conter a pandemia da covid-19?

Providenciar o mais rápido possível a vacina para a população. As medidas preventivas de distanciamento e uso de máscara são, antes de mais nada, uma responsabilidade individual. Quando o Estado busca coagir o cidadão, ao invés de educar, ele acaba agravando ainda mais o problema, como ocorreu na prática. Ainda não sabemos o número de mortos que foram vítimas das medidas restritivas totalmente irracionais impostas ao cidadão, que corria pouquíssimo risco de sofrer as consequências graves da Covid-19. As ações estatais deveriam ter sido direcionadas aos grupos de risco.

O senhor propôs uma emenda constitucional autorizando a instalação de fábrica de armas no estado, hoje proibida. Em janeiro deste ano, o número de mortos por tiroteio/disparo por armas de fogo aumentou 149% em relação ao mês anterior. Vale mesmo a pena priorizar o comércio armamentista?

Essa emenda prioriza o emprego, a geração de riqueza. A arma ilegal que para na mão do bandido não vem direto da fábrica. Para combater o armamento ilegal, estamos buscando junto ao Ministério da Justiça a instalação do Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF) na Baía de Guanabara, que vai monitorar a Baía e o Litoral Fluminense. Mas o que chamou a atenção no debate em plenário dessa emenda foi uma deputada do PSOL usando como exemplo uma fábrica nacional de armas que emprega "apenas" 2 mil pessoas em postos de trabalho diretos. Ela usou esse argumento como se 2 mil empregos diretos fossem algo trivial. Estima-se que 2 mil empregos diretos gerem 8 mil empregos indiretos. Ficou claro a desconexão da parlamentar de esquerda com a realidade produtiva do país.

O que o Estado do Rio pode fazer para voltar a ter um equilíbrio fiscal?

Cortar na própria carne. Judiciário e Ministério Público são instituições irresponsáveis com o Orçamento, são verdadeiros antros de privilégios e cabe ao Parlamento cobrar maior responsabilidade fiscal desses entes. Precisamos também privatizar estatais, desvincular fundos que engessam o gestor e reformar a previdência pública atacando os privilégios. Ficou claro na CPI do RioPrevidência que o problema é estrutural, a população que paga impostos e a geração atual de servidores são vítimas de um esquema de pirâmide totalmente insustentável. Quando analisamos a Lei Orçamentária Anual (LOA) e os orçamentos públicos, vemos que ao invés de financiar saúde, segurança e educação, os impostos dos mais pobres são usados para subsidiar o déficit da previdência. Sem qualquer dúvida, a previdência e os privilégios e supersalários dos burocratas dos três poderes são os maiores fomentadores da desigualdade social. Uma reforma administrativa também é necessária para reduzir o peso do Estado no bolso do contribuinte. Mas não podemos esquecer que o Rio é o estado mais prejudicado pelo pacto federativo, por ser um estado consumidor, a lógica arrecadatória do ICMS faz com que o cidadão fluminense banque serviços públicos em outros estados e a única coisa que o Rio produz, que é petróleo, acaba gerando arrecadação nos estados consumidores do combustível. Um verdadeiro absurdo. A União é, sem qualquer sombra de dúvidas, o maior problema orçamentário do Rio, a corrupção é o segundo maior problema.

Quais são as prioridades que o senhor gostaria de ver atendidas pelo Governo Estadual ainda neste mandato?

Reforma da previdência com alíquota progressiva para a elite do funcionalismo, a instalação do CIOF na Baía de Guanabara, a aprovação do código de defesa do empreendedor e o fim da substituição tributária para o maior número possível de produtos.