O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, vai demonstrou na Escola Municipal Pereira Passos, no Rio Cumprido, os protocolos sanitários adotados pela SME e que vão garantir a segurança de alunos, professores e comunidade escolar para o retorno presencial que está marcado para o próximo dia 24/2. - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, vai demonstrou na Escola Municipal Pereira Passos, no Rio Cumprido, os protocolos sanitários adotados pela SME e que vão garantir a segurança de alunos, professores e comunidade escolar para o retorno presencial que está marcado para o próximo dia 24/2.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Sidney Rezende
A volta às aulas da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro está marcada para o dia 8 de fevereiro. Inicialmente, de forma remota. No dia 24 de fevereiro, os alunos voltam para as aulas presenciais nas escolas, mas a retomada será feita de forma gradual. Em entrevista à coluna, o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, falou sobre o retorno das aulas. "A pandemia abalou o emocional de muitos. A verdade é que a escola faz muita falta, principalmente para os alunos mais pobres. A retomada seguindo um protocolo rigoroso, como é o nosso, não serve só para oferecer educação, mas também para estender a mão a milhares de crianças e jovens que experimentaram nesses meses de isolamento uma grande turbulência". O secretário falou também sobre o auxílio para estudantes que não têm acesso à internet acompanharem as aulas online. "Anunciamos o Programa Conectados, que vai dar pacote de dados aos alunos e professores da rede. Teremos também ilhas de conexão pela cidade para facilitar que nossos estudantes tenham acesso à internet. Elas vão funcionar em espaços municipais, de escolas a Naves do Conhecimento e bibliotecas. Para quem não tiver acesso a equipamentos ou more em local que não pega internet, forneceremos materiais impressos e aulas pela TV".

Qual a lição deixada pela pandemia e que deve ser levada em conta quando o retorno às salas de aula estiver normalizado?

Que nada substitui a escola. Em 2020, o ensino remoto não funcionou bem e o déficit de aprendizagem dos nossos alunos aumentou bastante. Isso aumenta ainda mais o nosso desafio em 2021, pois devemos melhorar o ensino remoto e proporcionar um retorno gradual com segurança ao ensino presencial. Apesar do esforço dos nossos professores, boa parte dos estudantes regrediram em desenvolvimento. A pandemia abalou o emocional de muitos. A verdade é que a escola faz muita falta, principalmente para os alunos mais pobres. A retomada seguindo um protocolo rigoroso, como é o nosso, não serve só para oferecer educação, mas também para estender a mão a milhares de crianças e jovens que experimentaram nesses meses de isolamento uma grande turbulência. O nosso protocolo sanitário foi validado pelo Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19, formado por cientistas e especialistas em Saúde, e está respaldado pelas melhores práticas mundo afora. Ou seja, temos o aval da Ciência para retomar as aulas nas escolas que estiverem aptas usando esse protocolo, que é rigoroso e tem cinco pontos principais: prevê distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas, que as refeições serão feitas nas salas preferencialmente, que a entrada e saída será escalonada para evitar aglomeração, higienização das mãos será constante e uso de máscara é obrigatório, exceto para menores de 3 anos.

A Secretaria Municipal de Educação (SME) prepara uma forma de receber e acolher estudantes, professores e profissionais da Educação, que há meses estão sem contato presencial. Quais os principais gargalos a serem superados?

Daremos bastante atenção à parte socioemocional dos profissionais da Educação e dos nossos alunos. Queremos ouvir, conversar e acolher cada um. Esse é um momento difícil. Ouvimos relatos de pessoas em depressão, de estudantes que se envolveram com a criminalidade, de queda de aprendizagem. Tudo isso afeta o psicólogo das nossas crianças e jovens, dos nossos profissionais da rede. Estamos muito atentos a isso.

As escolas e CREs (Coordenadorias Regionais de Educação) estavam sem internet. A falta de conexão impediria que as matrículas fossem feitas virtualmente. A questão foi resolvida em conjunto com a Secretaria de Fazenda. Mas fica um nó a ser desatado: como diminuir a distância tecnológica entre os estudantes das escolas particulares e das públicas?

Quando assumimos a secretaria, fomos informados de que o serviço de internet estava suspenso em todas as escolas por falta de pagamento. No primeiro dia útil do mês, eu e o secretário de Fazenda, Pedro Paulo, fizemos uma reunião com a empresa fornecedora e conseguimos restabelecer o serviço. A volta da internet foi fundamental para o processo de matrículas. Além disso, anunciamos o Programa Conectados, que vai dar pacote de dados aos alunos e professores da rede. Teremos também ilhas de conexão pela cidade para facilitar que nossos estudantes tenham acesso à internet. Elas vão funcionar em espaços municipais, de escolas a Naves do Conhecimento e bibliotecas. Para quem não tiver acesso a equipamentos ou more em local que não pega internet, forneceremos materiais impressos e aulas pela TV. É importante destacar que ninguém ficará de fora. Seja por meio da internet, de aulas presenciais, na TV ou com uso de material impresso, iremos trabalhar dia e noite para dar às nossas crianças e jovens uma educação pública de qualidade.

A SME está preparando o programa que irá dar dados patrocinados para que os alunos tenham como se conectar e assistir às aulas em casa. Como isto vai funcionar?

É o Programa Conectados, que nesse primeiro momento será focado em fornecer acesso à internet gratuito no aplicativo da SME (RioEduca) para todos os alunos e professores da rede. Este programa permitirá que o ensino remoto digital aconteça. Os dados só serão consumidos quando o aluno estiver navegando no Rioeduca.

O senhor está visitando as CREs. Quais as principais dificuldades de cada região da cidade?

Em 15 dias, estive em seis das 11 CREs da cidade, ouvindo as coordenadoras, funcionários e integrantes dos CECs, que são os Conselhos Escola Comunidade, formado por representantes de responsáveis, funcionários, professores, diretores e alunos. Em breve, terminarei de visitar todas. Ouvir o que eles têm a dizer é fundamental para que saibamos o que precisa ser mais apoiado ou mudado na rede. Todas as necessidades estão sendo registradas. Tenho dito que não somos responsáveis pela causa dos problemas que herdamos, mas a partir do momento que aceitamos o desafio de estar na Secretaria passamos a ser responsáveis pela solução deles.

O senhor pretende firmar parcerias com outros países para melhorar a educação do Rio?

Com certeza. Têm hoje 44 escolas que têm nomes de países. Algumas, em algum momento, tiveram apoio dos países que as batizam. Após o início do ano letivo, vou procurar os consulados dessas nações para tentar restabelecer e ampliar parcerias em prol das nossas escolas.

Qual a herança que o atual governo recebeu da gestão Crivella?

Recebemos a secretaria sem dinheiro para pagar o 13º dos profissionais da Educação, por exemplo. Muitos contratos estavam vencendo ou foram suspensos, e isso causou a interrupção de serviços. Como já disse, as escolas e CREs estavam sem internet por falta de pagamento e com diversos contratos suspensos. De todo modo, estamos mirando no desafio que temos pela frente, que é oferecer educação de qualidade para todos e não deixar ninguém para trás.

Ainda na sua gestão será possível ter aumento de salário para os profissionais da educação do município?

É cedo para dizer isso e sabemos que as dificuldades orçamentárias são grandes. A pandemia afetou muito a economia do Rio e isso reflete na arrecadação municipal. Estou em contato contínuo com a Secretaria Municipal de Fazenda, que tem feito um enorme esforço para organizar a casa, a fim de defender e melhorar a dignidade de trabalho das nossas professoras, professores e de todos os demais profissionais da Educação carioca.